De onde vem o apelido?
Quando nós entramos no Lajeadense tinham três meninos que eram bem mais jovens que o grupo profissional. Nós treinávamos no profissional e jogávamos no juvenil. E eram os três menudos. No fim, eles eram um pouco mais velhos do que eu e aí ficou “menudinho”. Eu não gostava muito da banda Menudo. E apelido pega quando você não gosta. Agora, eu já me acostumei.
Qual história te marca no início da carreira?
O campo do Lajeadense estava em manutenção, eu já treinava junto com os profissionais. E eles foram fazer
um treino em Encantado, nas Cabriúvas. Eu fiquei sabendo pelo jornal, de manhã cedo, que o treino iria ser à tarde. E eu não fui convidado para ir. Talvez, ia ser só o time profissional e eu me lembro que meu pai me largou na rodoviária e eu fui de ônibus para Encantado para treinar. E aquilo virou manchete de jornal, página principal.
Isso mostra bastante perseverança…
Eu era um menino que tinha qualidade no colégio, me destacava. Mas isso muda quando você entra para o esporte de rendimento. Tem que ter algo mais. Eu acho que nunca fui um jogador diferenciado. Fui um jogador médio, mas sempre tive muita força de vontade. Não me esqueço do roupeiro tendo que guardar o material, e eu implorando para deixar uma bola do lado de fora para ficar treinando no antigo Florestal. Ficava chutando noite adentro, já não enxergava mais a bola. Aquilo que eu consegui, foi com muito esforço. Eu nunca fui um craque. Foi com muito suor, muito esforço, muito foco. E passando por dificuldades. Fome e frio, quando fui para o Caxias, não tinha muita estrutura como tem hoje. Deixando minha cama quentinha, minha geladeira cheia. Lá, nem tinha geladeira. Para subir um degrau, tem um preço. Não é tão simples assim.
Como você avalia a sua trajetória como jogador?
Foi uma trajetória no futebol riquíssima em termos de relacionamento e cultura. Não foi uma trajetória muito vitoriosa, famosa, de títulos, de fama, de sonhos com seleção brasileira, ou sonhos de permanecer em time grande. Foram oportunidades que apareceram rápido. Mas muito realizado com a minha profissão no futebol e, agora, na educação. Nunca almejei ouro nem prata, e sim, fazer amigos.
Qual mensagem você passa às crianças com quem trabalha e sonham em ser jogador?
Eu sempre digo que o que mais vale a pena é tentar. A vontade não é ensinada. Ou tu tem, ou não tem. Você pode criar meios para motivar, mas a vontade é subjetiva. Vem de dentro para fora. Felizes os que tentaram e conseguiram, infelizes os que não conseguiram porque não tentaram. Tem que sempre tentar. Não deu? Tudo bem, dei o meu melhor. E aí é cabeça erguida para seguir outro caminho. E a escola dá essa oportunidade. Por isso, o esporte não pode estar longe da educação.