Estar acima do peso não é somente uma questão estética, mas também um fator de risco para a saúde. Segundo especialistas, em debate no painel Conversa Franca do CRON – Centro de Oncologia, a obesidade é uma doença crônica e de difícil tramento, que pode levar a complicações e a redução da expectativa de vida.
Para a médica endocrinologista, Aline Scapini Caumo, falar sobre obesidade significa falar sobre qualidade de vida. “Essa é uma luta da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, pois hoje cerca de 60% da população está acima do peso ideal.”, afirma.
De acordo com o cirurgião oncológico e bariátrico, Hélio Fernandes, estes resultados se devem ao novo estilo de vida adotado pelas pessoas, no qual há preferência pelo consumo de produtos altamente calóricos, como os fast foods, e não valoriza-se a prática de atividades físicas diárias. “Calculamos que em torno de 50 milhões de brasileiros estão na faixa de obesidade”, destaca.
Consequências da obesidade
Para uma pessoa ser considerada obesa, Aline explica que é preciso analisar o índice de massa corporal (IMC). Quando este atinge resultado acima de 40, representa um alerta para o paciente, pois indica grandes chances de se desenvolver outros problemas de saúde.
Entre as complicações mais comuns, o destaque é para as questões cardiovasculares, de hipertenção e diabetes, seguido de incômodos ortopédicos, de coluna e a apnéia do sono. “São inúmeras consequências, entre elas a incidência aumentada de câncer, que pode incluir o de mama, fígado, intestino e estômago”, explica Fernandes.
Mas os especialistas afirmam que, com pequenas mudanças de comportamento, é possível evitar boa parte destas complicações.
Tratamentos
Inicialmente, todo indivíduo acima do peso deve realizar um tratamento clínico, que visa reduzir o peso por meio de dietas, atividades físicas e uso de medicamentos. “No entanto, quando a gente atende um paciente sobrepeso é preciso trabalhar a expectativa e a realidade, pois eles querem atingir um peso que não é real com o tratamento clínico” explica Aline.
Quando há a necessidade de reduzir ainda mais o peso, uma alternativa é a cirurgia bariátrica, que consegue reduzir até 85% do excesso de gordura do corpo.
Independente da escolha, Fernandes afirma que, para obter o controle da obesidade, é fundamental que o indivíduo mude os hábitos de vida. “Falo para os meus pacientes que eles têm uma população de células adiposas que a cirurgia não remove. O procedimento faz com que elas emagreçam, mas se fizerem coisas erradas, elas vão engordar novamente”.
Cirurgias no Brasil
Conforme Hélio, em 2021 completa-se 25 anos de cirurgia bariátrica no país. Desde então é notável a evolução tecnológica e dos profissionais da área. Hoje, os procedimentos são realizados por videolaparoscopia, sendo possível fazer mudanças sem provocar lesões intensas nos tecidos.