Como surgiu essa meta de viver da pintura e do desenho?
Isso me acompanha desde criança. Sempre quis isso. Nunca pensei em outra coisa. Acho que todos os artistas têm essa vontade desde cedo. Eu praticava muito e comecei a fazer cursos, me aperfeiçoar. Comecei a ter algum nível de profissionalização quando tinha uns 21 anos. O ano era 1994 e fui convidado para dar aula em um instituto de artes em Cachoeira.
Chegou a trabalhar em outra área?
Por muitos anos o desenho foi uma atividade secundária. Eu trabalhava no comércio, em um mercado. Nas horas vagas estudava, fazia cursos. Fui me aperfeiçoando, praticando muito. Fui tendo experiência e me organizando para viver da arte.
Como veio parar no Vale do Taquari?
Foi pelos cursos. Eu vim ministrar algumas aulas em uma loja de artesanato. Vinha de Cachoeira para cá. Foi assim que conheci Lajeado. Gostei da cidade e acabei vindo morar aqui. Cheguei em 2003 e estou aqui desde então.
É possível viver da arte?
Para qualquer coisa na vida é preciso foco. O problema de muitos artistas é esquecer outros conhecimentos. É preciso conhecer de administração, de gestão e ter disciplina. Isso é mais de 50% de qualquer trabalho, de qualquer negócio.
Como tem sido esse período de pandemia para o artista?
De muita dificuldade. Tem sido para todo mundo. Mas, aqui no atelier, perdi mais de dois terços dos alunos logo de cara. A renda foi lá embaixo. Agora, aos poucos, parece estar voltando. Mas ainda está distante de antes da pandemia. Mas acredito que isso vai passar, que logo teremos condições melhores e o setor artístico e cultural de Lajeado e da região vai retornar.
A arte é inspiração ou transpiração?
É mais transpiração. Muitos dizem que arte é um dom. Não acredito nisso. Todas as pessoas têm alguma qualidade. Mas não adianta ter talento e não praticar, não estudar, não se esforçar. Tudo é uma questão de gostar do que faz. Depois é preciso paciência para aprender, disciplina para cumprir com as obrigações e, por último, ter um bom professor. Em qualquer coisa que a gente faça na vida, temos que fazer com gosto.
Qual a função da arte para você?
Difícil essa pergunta. Há muitas coisas para avaliar. Mas para mim, é o meu trabalho, o meu ganha pão. Meu objetivo de vida. Eu não conseguiria fazer outra coisa. É o meu motivo para viver. Se me tirar a arte, não fica nada.