“Ao que parece, as piranhas vieram para ficar”

Desequilíbrio ambiental

“Ao que parece, as piranhas vieram para ficar”

Analista ambiental do Ibama, Maurício de Souza, detalha riscos da presença das palometas nos rios Jacuí e Taquari. Grupo de especialistas procura responder duas perguntas: como entraram nas bacias internas do RS e de que maneira é possível minimizar os impactos para as outras espécies de peixes

“Ao que parece, as piranhas vieram para ficar”
Órgãos ambientais monitoram palometas em bacias hidrográficas gaúchas (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

A presença das palometas, uma espécie do grupo das piranhas, em rios internos do estado é motivo de preocupação. Tanto que o assunto foi tema de reunião entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Fepam e especialistas de universidades gaúchas.

Esse tipo de peixe é comum na fronteira oeste, por ser nativo da bacia do Rio Uruguai. Desde fevereiro, há ocorrência de aparição destes peixes no Rio Jacuí. Também foram documentados focos no Taquari, ainda que em menor escala.

Pela análise dos especialistas, ainda que faltem evidências para afirmar, a possibilidade é grande de que as palometas passem a fazer parte das espécies nos rios gaúchos. “Ao que parece, as piranhas vieram para ficar”, diz o analista ambiental do Ibama, Maurício Vieira de Souza.De acordo com ele, por não haver preda

dores, a presença das palometas ameaçam a diversidade de espécies. “Estamos em busca de mais informações para saber o nível de risco para a diversidade dos rios. Junto com isso, também buscamos formas de enfrentar essa situação.”

Pelo que foi apurado até o momento, já há informações de que as piranhas estão se reproduzindo nas águas internas gaúchas. Esse é um indicativo de que encontraram condições para permanecer nesse novo habitat. “A tendência é que tenhamos uma explosão de palometas pelos rios gaúchos”, estima Souza.

Em 2016 houve relato de aparições destas palometas em rios gaúchos. Porém, em menor escala do que neste ano. Para os especialistas, naquela ocasião os peixes enfrentaram mais resistência ambiental e não conseguiram se estabelecer.

Ainda nesta semana deve ser apresentado um plano para minimizar o impacto ambiental da presença deste peixe carnívoro. Uma das possibilidades abordadas é a transposição de água.

Acompanhamento por satélite

Uma das preocupações dos grupos de especialistas é quando aos percursos feitos pelas palometas. “Ao chegar no delta do Jacuí, vão se espalhar por diversos rios”, afirma Souza.

O acompanhamento dos possíveis destinos dos peixes exóticos é acompanhado por satélite, afirma o representante do Ibama. A partir disso é possível ver os pontos de passagem e as conexões.

A chegada na Lagoa dos Patos é quase uma certeza. Por ser um dos polos pesqueiros gaúchos, os prejuízos podem ser altos. Nos locais onde apareceram, as palometas têm devorado outros peixes, trazendo impactos sobre a pesca. Uma das cidades mais atingidas é General Câmara.

Mapear o ponto de entrada

Há duas hipóteses trabalhadas para descobrir como essa espécie invadiu outras bacias gaúchas. A primeira por ação humana, a partir de algum canal de irrigação, por exemplo. A outra, o caso de alguma enchente, em que os peixes tenham entrado em outras bacias hidrográficas fora do Rio Uruguai.

Descobrir esses pontos é considerado essencial. “Precisamos evitar esse canal de comunicação, pois há espécies de piranhas maiores no Rio Uruguai. Caso entrem novas espécies, o problema pode ser maior.”

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