Transporte coletivo em crise

Editorial

Transporte coletivo em crise

Transporte coletivo em crise
Vale do Taquari

A queda acentuada no número de passageiros nos ônibus provoca um desequilíbrio em todo o sistema viário de uma cidade. Diversas metrópoles brasileiras enfrentam o colapso na mobilidade e muito desse resultado tem haver com o sucateamento do transporte público.

Em Lajeado, o que surgiu como alento, se torna dor de cabeça. Após três décadas de serviço emergencial, o município licitou uma nova empresa. A concessionária assumiu em meio à maior pandemia do século.

Em menos de um ano de trabalho, os resultados financeiros estão muito abaixo do esperado do plano de concessão. O que interfere sobre o sustento do negócio. Pelos cálculos da empresa, o número de passageiros está 60% abaixo do previsto.

Para cumprir o contrato assinado no início de 2020, foi necessário investir na frota e em contratações. A única receita provém do pagamento das passagens. No momento, insuficiente para as obrigações mensais.

Por isso, município e concessionária repactuam o contrato. Começa com uma revisão no preço da passagem. Pelo entendimento, o cálculo que estabeleceu os R$ 3,90 de tarifa está desatualizado. Foi elaborado em outubro de 2019.

De lá para cá, os custos operacionais duplicaram. Se aplicado os indicadores de hoje, a passagem custaria R$ 7. Um preço que arruinaria o sistema público de transporte. Seria o fim da concessão. Para dotar de algo mais próximo do que os usuários poderiam pagar, se estabeleceu o limite de R$ 5.

Valor ainda elevado. Então o município propõe subsidiar as passagem em R$ 0,50 por no mínimo seis meses. Junto com isso, a isenção do recolhimento de imposto por um ano.

No cerne desta discussão está a sustentabilidade do transporte coletivo urbano. As variantes para garantir eficiência e sustentabilidade do sistema coletivo de transporte são complexas e exigem uma série de mudanças. Uma cidade como Lajeado, com um dos maiores índices de motorização do RS, está presa em um círculo vicioso.

Quanto mais carro, mais chance de engarrafamentos. Para corrigir o fluxo de veículos, investe-se em mais vias, em ampliações das ruas. O que, em breve, novamente estarão lotadas de veículos.

É justo no transporte público que está uma das soluções para essa equação. Porém, há um comportamento, uma cultura impregnada, de que ônibus é coisa de pobre. Enquanto esse pensamento persistir, mais presa nos engarrafamentos estará a sociedade.

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