Alta no preço das carnes eleva consumo de ovos

Economia

Alta no preço das carnes eleva consumo de ovos

Alimento marca presença nas mesas das famílias de diversas classes sociais e substitui as carnes

Alta no preço das carnes eleva consumo de ovos
Foto: Arquivo/A Hora
Vale do Taquari

Diante do aumento no preço das carnes e redu­ção da renda – em fun­ção das restrições cau­sadas pela pandemia – o consumo per capita de ovos atingiu 251 uni­dades, aumento de 9,1% no ano. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que projeta incremento na produção brasileira de ovos em 5%, passando para 56,2 bilhões de unidades.

O consumo, por sua vez, pode ser de 265 unidades per capita, 6% a mais do que o previsto para 2020. Mesmo com reajuste de 14% no preço do ovo, comparado ao mesmo período do ano passa­do, o alimento segue com valor atrativo frente ao custo da carne bovina para o consumidor final.

Nos últimos 12 meses, carnes acumulam alta de 35,03%, se­gundo o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). No primeiro trimestre de 2021, o abate de bovinos caiu 10,3% e o de suínos e frangos subiu 4,9% e 2,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo os resultados prelimi­nares da Estatística da Produção Pecuária, divulgada na semana passada pelo IBGE.

“Optamos em incrementar ali­mentos que atendam o valor nu­tricional com custo reduzido, para não ter de reajustar o valor do al­moço”, comenta Nives Piussi, res­ponsável por restaurante familiar, em Boqueirão do Leão.

O estabelecimento ampliou a compra de ovos em 30%. “Mesmo

com o reajuste no preço do ovo, ainda compensa incluir ele em diferentes pratos. É um alimento que praticamente todos gostam, além das várias formas de uso e preparo”, acrescenta Piussi.

Setor em alerta

Por outro lado, os custos de pro­dução continuam como entrave ao setor avícola, uma vez que os valores dos principais insumos consumidos na atividade, milho e farelo de soja, devem se manter elevados neste ano, tendo em vista os estoques baixos e as aquecidas demandas interna e externa por esses produtos.

De acordo com Índice de Custo de Produção (ICP) produzido pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, os custos de produção do setor acumulam alta de 43,43% nos últimos 12 meses.

“Percebemos um cenário di­fícil diante dos altos custos, não somente na nutrição das aves, mas também em relação a emba­lagens e logística. As indústrias ampliam exportações para suprir essas perdas. Precisamos de no­vos mercados sem deixar de aten­der o consumo nacional, que hoje compreende 99% da produção de ovos”, comenta Luis Rua, diretor de mercados da ABPA.

“Não há como repassar esse percen­tual ao consumidor final, por isso, o setor de aves tenta encontrar outras alternativas”, acrescenta Rua.

Exportação em alta

No decorrer do primeiro quadri­mestre a exportação brasileira de ovos totalizaram 4,638 mil tonela­das, número 162,3% superior ao efetivado no mesmo período no ano passado, com 1,768 mil toneladas.

Somente em abril, a exportação brasileira de ovos alcançou 865 toneladas, número 307,9% supe­rior ao mesmo período de 2020. As vendas geraram receita de US$ 1,1 milhão, resultado 321,8% su­perior ao obtido no quarto mês do ano passado, com US$ 264 mil.

Principal importador do produ­to brasileiro, os Emirados Árabes Unidos importaram 3,461 mil toneladas nos quatro primeiros meses deste ano. Outros desta­ques foram o Japão, com 133,6 toneladas (+18,5%) e Omã, com 270 toneladas (sem registros de embarques no ano anterior).

Vilão ou mocinho?

O ovo está entre os alimentos considerados polêmicos. “Ele já foi vilão, pois a gema contém co­lesterol, porém após alguns estu­dos, confirmou-se que o coleste­rol de alimentos naturais não faz mal à saúde, desde então passou a ser um mocinho na alimenta­ção”, explica a nutricionista Ma­riângela Borsato.

Pela análise, o ovo é alimento com­pleto e contém todos os aminoácidos essenciais ao organismo. “Pode in­clusive substituir a carne, sendo uma opção muito saudável e mais bara­ta”, pondera a nutricionista.

Em relação ao consumo diário, não há um consenso da quanti­dade. “O indicado é consumir até dois ovos por dia, traria benefícios à saúde favorecendo no ganho de massa muscular e prevenção de doenças”, observa.

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