Interpretando a filha do personagem principal, a atriz lajeadense Gabriela Munhoz atuou e foi preparadora de elenco no curta-metragem gaúcho “Em nome do pai”, contracenando com o ator Werner Schünemann. O filme, dirigido por Diego Müller, é uma adaptação do romance “Eram apenas dois meninos”, da escritora independente gaúcha Sônia Vieira.
“Em nome do pai” foi gravado em Pareci Novo, município parceiro do filme, e é baseado em fatos reais. A obra fala sobre perdas, abandono dos filhos, das mulheres, da dignidade, da honra e da ética. O projeto “Eram apenas dois meninos?” é executado através do edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, da Fundação Marcopolo, através de recursos da Lei Aldir Blanc.
Com um elenco sensível, o filme é produzido por um grupo de jovens de Porto Alegre que são, também, atores na obra e que compartilham essa produção na página do Instagram. Depois de cerca de sete dias de gravação na última semana, a produção passa, agora, pela montagem e edição. A expectativa é que o lançamento do curta seja feito até o fim do ano.
Por trás da personagem
“Interpretar Dalila foi um desafio, como é sempre com uma nova personagem. A Dalila eu criei estudando e pensando bastante sobre a contenção das emoções, porque ela não me parece uma mulher que extravasa as emoções e sentimentos”, destaca Gabriela. A atriz descreve a personagem como uma mulher que mesmo enfrentando grandes dificuldades no relacionamento familiar, se mantém ao lado do pai até o final.
Interpretado por Schünemann, Antenor, o pai, é um fazendeiro rude, violento e abusivo. “O grande desafio desse tipo de personagem sempre é encontrar o ponto fora da caricatura. O Antenor é uma coisa mais real, é um homem que se controla na maior parte do tempo, mas quando explode, é extremamente desrespeitoso, agressivo no jeito de falar e olhar, ele tem esses defeitos do patriarcado”, destaca o ator.
Este foi o segundo filme dele durante a pandemia. A produção cumpriu os protocolos sanitários e não teve problemas. Para o ator, o filme foi um ato de heroísmo também por isso. Ele também destaca a importância de trabalhar o tema da obra em uma produção audiovisual.
“As pessoas continuam sendo violentas, principalmente com os filhos. Aquela história de ‘palmadinha de amor não dói’, ‘palmada só para educar’, não existe. Toda palmada dói e reflete nas atitudes com outras pessoas também. O filme tem essa importância, de não deixar o assunto morrer”, ressalta.
Preparação de elenco
Conduzida por Gabriela, a preparação do elenco foi feita de forma online, e o grupo se reuniu de forma presencial apenas um dia antes das gravações. “Foi uma experiência linda pra mim. Eu, no meu discurso enquanto artista, aposto muito na busca pela verdade cênica, no momento de deixar sentir, de trazer pro corpo as sensações. Ao me deparar com a situação de ter que trabalhar essa preparação de modo online, me senti bem desafiada”, conta a atriz.
Mas com o apoio do elenco, dos diretores Diego Müller e assistente de direção Carol Silvestrin, os encontros serviram para debater e compor o “tom” do filme. “Quando chegamos ao presencial, um dia antes de iniciar as gravações, a sensação era de que nos conhecíamos há bastante tempo já, e os personagens foram criados com naturalidade, sem grandes intervenções. Foi muito bonito de assistir”, ressalta a atriz.