Fotografias de um trabalho de mais de 15 anos serão publicadas no livro “Céu”, do fotojornalista lajeadense Caco Marin, nos próximos meses. A viabilização do projeto foi possível por meio de um financiamento coletivo na plataforma Catarse, que arrecadou 27,3 mil reais, 105% da meta proposta pelo fotojornalista. Durante a campanha, o financiamento contou com 136 apoiadores.
Também conhecida pela expressão em inglês crowdfunding, é uma modalidade que vem ganhando adeptos no país e, na região, é utilizada principalmente para financiar ações de clubes de serviços, organizações e instituições.
Um exemplo é o Clube Esportivo Lajeadense que lançou uma campanha de financiamento coletivo por meio da plataforma Kickante, em fevereiro deste ano. Outra campanha que engajou a comunidade foi a da teutoniense Lívia Teles, que angariou recursos para o tratamento da AME Tipo 1.
No caso de Caco Marin, a campanha durou cerca de 60 dias e surgiu como uma alternativa para viabilizar a impressão do livro, em um momento em que o fotojornalista deixou de ir às ruas para fotografar durante a pandemia.
“A plataforma permitiu que eu tivesse acesso a inúmeras casas, possíveis apoiadores, clientes, sem precisar bater na porta deles. Eu pegava o telefone, comentava sobre o projeto e convidava para entrar no Catarse, que foi o site que escolhi”, explica o fotojornalista. Na plataforma, os apoiadores optaram por doações de diferentes valores e receberam recompensas, de acordo com as cotas, como o próprio livro.
43% de aumento em um ano
Este tipo de financiamento coletivo surgiu como um modelo de economia colaborativa, onde qualquer pessoa pode arrecadar fundos para tirar um projeto do papel. Com diferentes plataformas, o modelo se aplica tanto a artistas, cineastas, esportistas e organizações sociais, quanto para empreendedores e startups.
Diferente de um investimento tradicional, em que poucas pessoas depositam grandes valores em um projeto, com o financiamento coletivo é possível arrecadar poucos montantes por meio de muitas pessoas que acreditam em uma ideia.
No mercado desde 2006, o crowdfunding ganhou espaço na pandemia. Conforme a Comissão de Valores Mobiliário (CVM), em 2020, a modalidade teve um crescimento de 43%, em relação ao ano interior, e uma arrecadação total de R$ 84,4 milhões.
Até o início de abril, a CVM tinha 38 plataformas eletrônicas de investimento participativo ativas no país. Entre elas, a CapTable, uma plataforma gaúcha que já contabiliza mais de 17 milhões de reais captados, 16 startups investidas e 3 mil investidores ativos dentro do seu ecossistema.
Financiamento em quatro formas
Segundo o coordenador do núcleo de Acesso a Recursos Financeiros do Sebrae RS, Augusto Martinenco, o crowdfunding pode ser entendido como um grupo de pessoas ou empresas que doam um determinado recurso para que uma iniciativa seja executada, principalmente ligada à sustentabilidade ambiental, social e projetos artísticos, assim como para o desenvolvimento de startups.
Dentro da modalidade, existe a possibilidade do financiamento por meio de doações ou recompensa. Dessa forma, cada doador recebe um benefício pela contribuição.
Além disso, existe o Equity Crowdfunding, quando é possível comprar uma parte da empresa sendo financiada como forma de investimento, e o Debit Crowdfunding, como uma espécie de empréstimo. Hoje, os mais comuns no mercado são os três primeiros.
“Nós, enquanto Sebrae, apresentamos as ferramentas para que as startups, por exemplo, possam tomar melhores decisões para captarem recursos e fazerem os seus negócios se desenvolverem”, destaca Martinenco.
Recompensas de apoiador
Professor e designer gráfico, Rodrigo Brod também tem familiaridade com as plataformas, mas como apoiador. Uma das campanhas de financiamento coletivo que ele participou foi em 2015, para a banda gaúcha Apanhador Só. Na época, ele e os amigos doaram R$ 500 e como recompensa prevista na plataforma, receberam um show dos artistas em casa.
Ele fez outra participação em 2018, quando contribuiu para a campanha do artista Thiago Ramil, com o valor de R$ 700. A recompensa era também um show acústico que, na época, foi realizado na festa de fim de ano das empresas de Brod e do irmão.