“Educação não é e nunca foi prioridade neste país”

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“Educação não é e nunca foi prioridade neste país”

Deputado estadual (PSDB) e ex-secretário estadual de Educação, Faisal Karam, destacou o contexto educacional no Brasil durante programação da Rádio A Hora 102.9

“Educação não é e nunca foi prioridade neste país”
Karam concedeu entrevista ao Redação nas Ruas na tarde desta sexta-feira. Foto: Larissa Santos

“Se fosse prioridade [educação], nossos professores já estariam vacinados”. Afirmação é do deputado estadual (PSDB) e ex-secretário estadual de Educação, Faisal Karam, durante o programa Redação nas Ruas na tarde desta sexta-feira, 14. Em entrevista, o parlamentar avaliou o contexto da educação no país, projeções para o futuro e a vacinação prioritária dos profissionais de educação.

Conforme o deputado, o momento de pandemia gera medo, pressão e insegurança. Para ele, a escola tem papel fundamental na vida do professor e do aluno. “Muitos estudantes têm na escola o melhor lugar para se alimentar, devido à vulnerabilidade social. Estávamos há 16 meses sem aulas presenciais, onde alunos ficaram excluídos do ensino, sem contato”, afirma.

Segundo Karam, a cada pleito eleitoral está em foque o tripé: segurança, educação e saúde, mas que a realidade não mostra isso. “Educação não é e nunca foi prioridade neste país. Precisou do Congresso para dizer que a educação era essencial”, salienta.

O ex-secretário estadual observa que, de acordo com o Ministério da Saúde, a educação está em 17º lugar no critério de vacinação contra a covid-19. Para ele, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barra a imunização dos profissionais, está exercendo seu poder de aplicação. “Que se mude o critério e legislação”, analisa.

O deputado avalia que é necessário voltar de forma gradativa, com os devidos protocolos e materiais de higiene e segurança. “O governo estadual diz para retornar quem quer e está apto a isso. Ninguém está obrigando o professor a voltar. A escola não abre se não tiver como higienizar”, aponta.

Conforme o ex-secretário, a rede estadual do Rio Grande do Sul é a segunda melhor do Brasil. “O professor sabe dar aula, ensinar e fazer com que o aluno entenda. Precisamos dar um pulo de qualidade, ano após ano, e que não mude quando troca o governador. Este é um processo de construção”, ressalta.

Tecnologia nas escolas

Outro assunto abordado, foi a tecnologia como forma de qualificar o aluno para o mercado de trabalho. Segundo Karam, as ferramentas tecnológicas vêm como um complemento para o professor e que ele “vai continuar sendo agente de ensino”.

Contudo, tem escolas que não possuem lousa de qualidade ou data show, o que dificulta a qualificação da educação. “Dizer que não tem dinheiro é mentira, o que tem é desperdício dos gestores no Brasil. Este é o momento de investir nas escolas”, afirma.

Corte de recursos

O governo Bolsonaro apresentou proposta de trazer o ensino para ser feito em casa. O projeto foi criticado pelo ex-secretário. “O que vou ter no fundo é um professor particular. Quem vai avaliar o rendimento? A escola tem a função social de compartilhamento e de relações, em que pretende se socializar”, observa.

Segundo ele, o Governo Federal cortou R$ 6 bilhões que seriam investidos em banda larga e 5g. “Podiam ter adquirido aparelho, estudado a situação. Pagamos por uma coisa que não recebemos”, analisa.

Com isso, de acordo com Karam, o país perde a oportunidade de promover a modernidade. Para ele, é preciso estar atento as realidades diferentes que existem no Brasil e manter o foco na qualidade dos alunos.

Ouça a entrevista com o deputado estadual na íntegra:

 

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