Uma casa de memórias e relíquias

Antiguidades

Uma casa de memórias e relíquias

Moradora do bairro Americano, Lilia Natalia Ruwer é conhecida pelas decorações de Natal na praça do Papai Noel. Ela também é colecionadora de antiguidades e doou materiais para o Museu Municipal Bruno Born nesta semana

Uma casa de memórias e relíquias
Entre as antiguidades, Lilia guarda mapas antigos e albuns fotográficos (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

Baús antigos de mais de 100 anos, os primeiros mapas do município, ferros de passar, máquinas de costura e reportagens que contam a história de Lajeado fazem parte das antiguidades guardadas pela professora Lilia Natalia Ruwer, 72. Moradora do bairro Americano, sempre gostou de pesquisar sobre a história do município e, há alguns anos, fez uma espécie de museu a céu aberto no quintal com as relíquias que arrecadou durante a vida.

Entre os cerca de 15 álbuns com materiais históricos e antiguidades que ela coleciona, estava um um quadro com o desenho de uma capela que foi doado nesta semana para o Museu Municipal Bruno Born, na Casa de Cultura de Lajeado.

A antiguidade veio da Alemanha com a Família Spohr, na segunda leva de imigrantes que vieram para o Brasil. O quadro tem a imagem de uma santa que ainda não foi identificada pelos padres locais. A mala do médico Roberto Fleischut também foi doada por Lilia.

Na casa dela também há uma pequena santa que veio da Europa para o país na travessia de barco da família Ruwe, e foi passada de pai para filho, de tio para sobrinho até as mãos de Lilia. Isso porque a lajeadense teve a ideia de, há alguns anos, fazer um museu.

“Naquela época, a comunidade me conhecia como professora e pelo armazém da minha família e doavam materiais”, conta. Outros tantos ela mesma guardava, pesquisava na Biblioteca Municipal ou em conversas com os moradores mais antigos da cidade.

“Eu era fã da Biblioteca, ia muito lá, e muitas histórias eu também sabia do que vivia no dia a dia e outras fui guardando”, conta a lajeadense.

Recordações para contar a história

Lilia é conhecida por ter dado vida à Praça João Zart Sobrinho, carinhosamente chamada de Praça do Papai Noel quando ela e os vizinhos passaram a decorar o espaço todo fim de ano. Por 14 verões, além dos moradores do bairro, pessoas de fora do estado vinham visitar a região com parada obrigatória na praça.

Com o tempo, o lugar foi enfeitado também na Páscoa e outras datas festivas como Carnaval e Copa do Mundo. Momentos que estão registrados nos álbuns de Lilia, além de duas cadeiras que fizeram parte da decoração da praça no Natal e que hoje ficam na área externa da casa dela.

Das reportagens dos jornais mais antigos da região, ela guarda recortes de momentos históricos da cidade, como do ato de emancipação de Lajeado. Além de ter recuperado algumas lendas urbanas, como o caso de uma família que estaria assombrando uma residência, jogando pedrinhas nas janelas. Em uma ocasião, ela também descobriu a história de um túmulo antigo de um herói de guerra e, com a ajuda das escolas de Lajeado, conseguiu verba para demolir e reerguer a pedra no cemitério do bairro Hidráulica.

De todos esses anos de pesquisas como hobby, alguns materiais deterioraram com o tempo, e outras histórias ficam mesmo na memória da lajeadense. “Vivi essa Lajeado, lembro da história e guardo muita coisa. Nem eu lembro de tudo o que tenho aqui”, confessa.

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