O primeiro trimestre de 2021, tradicional período de contratação de mão de obra no campo, atingiu o maior saldo positivo na geração de empregos formais desde o início da série histórica, em 2007.
A diferença entre admissões e demissões no agronegócio ficou positiva em 26.504 empregos com carteira assinada, número superior aos 25.278 de 2019, melhor resultado até então, e aos 19.229 registrados em 2020.
Os dados divulgados na quarta-feira, 12, pelo governo gaúcho, são do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Além da recuperação da safra, o desempenho do segmento conhecido como “depois da porteira”, formado especialmente por atividades agroindustriais, foi o principal responsável pelo número positivo, com destaque para a indústria do fumo (+8.839 postos), comércio atacadista (+5.739 postos) e a moagem e fabricação de amiláceos (+2,381 postos).
“Na indústria fumageira, as contratações temporárias são características do primeiro trimestre, com pico em março. A alta na produção gaúcha de fumo contribuiu para esse aumento na demanda por mão de obra na indústria de processamento”, ressalta o pesquisador Rodrigo Feix.
O estudo destaca ainda o número recorde de vínculos com carteira assinada na indústria de abate e fabricação de carnes, que em março tinha um estoque de 67.695 vínculos ativos, o maior número da série histórica com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), produzido pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
No segmento “dentro da porteira”, de atividades agrícolas, o resultado das lavouras permanentes, puxado pelas atividades de colheita da maçã, foi o principal destaque do primeiro trimestre (+4.275 postos). Já no segmento conhecido como “antes da porteira”, a fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (+1.918 postos) também apresentou saldo positivo.
Fumo e carnes puxam alta nas exportações
Após um ano afetado pela estiagem e pela pandemia do coronavírus, as exportações do agronegócio gaúcho iniciaram 2021 em alta. Entre janeiro e março as vendas totalizaram US$ 2 bilhões, um aumento de 8,4% em valor (US$ 154,1 milhões) na comparação com o mesmo período de 2020.
Em termos absolutos, os principais responsáveis pela recuperação foram os setores de fumo (mais US$ 77,2 milhões; +27,4%), carnes (mais US$ 59,8 milhões; +13,1%) e de cereais, farinhas e preparações (mais US$ 42,0 milhões; +20,9%).
Entre os cinco principais setores exportadores do agronegócio do Rio Grande do Sul, o setor de produtos florestais também apresentou alta nas vendas no período (+ US$ 12,2 milhões; +5,6%). O destaque negativo do primeiro trimestre de 2021 ficou por conta do complexo soja, com uma redução absoluta de US$ 80,9 milhões na comercialização, queda de 21,9% na comparação com o ano anterior.
Perspectivas
Para as exportações, o estudo do DEE indica que a expectativa é de safra recorde de soja para o Rio Grande do Sul. Combinada com a alta nas cotações internacionais e a taxa de câmbio desvalorizada, a projeção é para um aumento nas exportações, especialmente no segundo semestre.
A manutenção nas vendas de carne suína para a China também é esperada. O desafio para os produtores gaúchos fica por conta dos custos de produção, já que os preços dos principais insumos agrícolas estão em alta.
Quanto ao emprego formal, o documento indica que a “desmobilização de trabalhadores tende a ser acentuada no segundo e no terceiro trimestres”, puxada pelas dispensas nos setores de lavouras permanentes e da indústria de fumo.