Doses de insegurança

Editorial

Doses de insegurança

Doses de insegurança
Vale do Taquari

Preocupa a forma como avança o Plano Nacional de Imunização no Brasil. Além de iniciar atrasado em relação a outros países, a estratégia em andamento dá sinais de desorganização, improviso e falta de diálogo entre os entes federados.

Nesta quarta-feira, o Instituto Butantan deve disponibilizar mais 1 milhão de doses da Coronavac, imunizante que está em falta em todo o país. A quantidade deverá ser direcionada a parte das milhares de pessoas que receberam apenas a primeira aplicação da vacina e agora estão com a imunização comprometida.

Importante lembrar que a eficácia desse imunizante contra o coronavírus é de até 73,8%, com o intervalo entre as doses de até 28 dias. No caso de um hiato maior entre as aplicações, não há estudos sobre como a substância age no organismo.

Na semana passada, outro episódio atestou a desarmonia no processo de imunização. A partir da chegada de um novo lote de Astrazeneca recebido na manhã de quinta, Estado e municípios pactuaram que as 243,4 mil doses serviriam para avançar a vacinação das pessoas com comorbidades no Rio Grande do Sul.

No entanto, determinação do Ministério da Saúde ainda na manhã dessa sexta foi de que o lote fosse reservado integralmente para garantir segunda dose. Assim, as vacinas ficam retidas na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi) até o momento adequado de envio aos municípios.

Um novo fato ontem aumentou ainda mais a apreensão em torno da imunização: a suspensão por parte da Anvisa do uso da Astrazeneca em gestantes. Conforme a bula, o medicamento não pode ser aplicado neste público. No entanto, no fim de abril, o Ministério da Saúde havia incluído todas as grávidas e puérperas no grupo prioritário.

A insegurança gerada com essas reviravoltas dificulta ainda mais o processo de vacinação no Brasil. O fato é que a sociedade precisa com urgência de um ritmo mais acelerado e assertivo na efetivação do Plano Nacional de Imunização.

Além da preservação de vidas em meio à maior crise sanitária das últimas décadas, trata-se de uma condicionante para a recuperação econômica.

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