“Será difícil conter a proliferação de piranhas”

No Rio Taquari

“Será difícil conter a proliferação de piranhas”

Estrela entra na lista dos municípios margeados pelo rio Taquari com aparição de palometas

“Será difícil conter a proliferação de piranhas”
Especialista sugere estudo aprofundado para evitar a invasão de palometas em outras bacias hidrográficas (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

A incidência de palometas no rio Taquari tende a aumentar, é a projeção do biólogo Hamilton César Zanardi Grillo, especialista em zoologia. A espécie, da mesma família das piranhas-vermelhas, é nativa do rio Uruguai e tem se proliferado pelo rio Jacuí.

Na região, após registro de palometas em Bom Retiro do Sul e Triunfo, morador do interior de Estrela alega que o ataque de peixes tem relação com a presença de piranhas no rio Taquari. Não há registro oficial no departamento ambiental do município, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) monitora a situação.

O biólogo não acredita na possibilidade de reverter a proliferação com uso de redes, por exemplo. “Essa ação poderia prejudicar outras espécies, pois não tem como selecionar os peixes. Uma alternativa seria o uso de barreiras em pontos de transposição das bacias hidrográficas”, ressalta Grillo, em entrevista no programa Frente e Verso, da rádio A Hora.

“Essas espécies não têm como transpor certas áreas a partir do relevo, por isso, acredito que em algum momento utilizaram conexões artificias”, aponta o biólogo. “Na fase juvenil e na bacia de origem, esses animais normalmente têm seus predadores, mas aqui a estrutura é diferente”, comenta.

Estudo para conter proliferação

Na análise do biólogo, é necessário um estudo aprofundado para identificar a origem da invasão e alternativas para conter a proliferação. “Infelizmente muitas vezes as informações científicas são desconsideradas e deixam de lado o princípio básico da precaução”, aponta Grillo.

“Somente um estudo detalhado vai dizer qual é o progresso da situação. Não afirmaria em primeiro momento que se trata de uma explosão da espécie no rio Taquari, mas é um sinalizador preocupante e fica o questionamento de como controlar”, acrescenta o especialista em fauna.

Grillo acredita que o uso de telas nos canais de irrigação, interligando bacias hidrográficas, poderiam ter evitado o acesso das palometas no rio Jacuí e posteriormente no rio Taquari. “Provavelmente teremos de conviver com este problema. Fica a lição da necessidade de estudo ambiental antes da implantação de investimentos”, expressa.

De acordo com Grillo, as palometas procuram locais com água lenta para reprodução. “Os ovos são depositados próximo da margem e se porventura alguém chegar perto pode ser atacado, esse é o alerta banhistas”, explica Hamilton.

Grupo de trabalho

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa discutiu na quinta-feira, 6, a invasão das palometas e suas consequências em reunião ordinária virtual na quinta-feira.

Ficou definida a criação de um grupo de trabalho, com a participação de todas as partes interessadas e sob a coordenação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. O objetivo é buscar alternativas e soluções, dentro da ciência e da legislação.

Em General Câmara, na região carbonífera, o prefeito Helton Barreto (PP), anunciou um auxílio financeiro para cerca de 70 pescadores da colônia de Santo Amaro do Sul, afetados pela perda de renda após a invasão de palometas no rio Jacuí, próximo da confluência com o rio Taquari.

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