O anúncio por parte do governo de Lajeado, de que professores e profissionais da educação serão imunizados contra a covid-19, repercutiu entre prefeitos de municípios vizinhos. As queixas ocorrem, sobretudo, porque a decisão “isolada” foge do princípio dos gestores em deliberar de forma conjunta temas de alcance regional.
A questão foi levantada durante a assembleia virtual da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), da última sexta-feira, 7. Os prefeitos demonstraram preocupação com uma possível pressão da população para que tomem decisões semelhantes, mesmo sem uma orientação do Ministério da Saúde.
Danilo Bruxel, prefeito de Arroio do Meio, foi um dos gestores mais preocupados com a medida do colega da cidade vizinha. “Disse que deveríamos decidir isso pela Amvat, pois seremos muito cobrados e questionados. Por que Lajeado pode vacinar e Arroio do Meio, Santa Clara do Sul, e outras cidades não? São muito próximas. Imagina o desgaste que isso vai gerar”, comenta.
Edmilson Busatto, de Bom Retiro do Sul, também se opôs à iniciativa isolada na reunião. “É claro que os professores merecem, sim, ser vacinados. Mas para fazer isso, temos que deixar de vacinar alguém que já está esperando. Não vou me meter na decisão de Lajeado, mas aqui vamos obedecer rigorosamente o que vem do Ministério da Saúde”, garante.
Antecipação
Até o momento, no Vale, apenas Lajeado propôs medida neste sentido. Danilo Bruxel entende que as prefeituras devem aguardar determinações vindas das esferas federal e estadual antes de decidirem sobre quando vacinar profissionais da educação.
“Nós sempre respeitamos o que eles determinam. E até agora não há nada definido de forma oficial. O fato de Lajeado se antecipar, daqui a pouco, pode trazer um problema para nós. Mas talvez eles tenham uma informação mais precisa, e aí, a gente pode fazer isso em conjunto”, pontua Bruxel.
O decreto que prevê a vacinação de professores em Lajeado está em estudo e elaboração. A tendência é de que o documento seja publicado ao longo da semana.
Famurs debate imunização
A Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) terá uma reunião virtual na manhã de hoje, onde um dos assuntos abordados será a vacinação de profissionais da educação. Devem participar os representantes das associações regionais, entre eles Paulo Kohlrausch, prefeito de Santa Clara do Sul e presidente da Amvat.
Hoje, no RS, são poucas as cidades que vacinam professores contra a covid-19. São Leopoldo e Esteio, ambas na região metropolitana, deram o pontapé inicial na semana passada. No sábado, foi a vez de Cachoeira do Sul (região Central).
Entenda
- Na sexta-feira, Marcelo Caumo adiantou, pelas redes sociais, a intenção de vacinar os professores por meio de um decreto. Como base legal, utiliza uma decisão do STF, sobre a vacinação de docentes no Rio de Janeiro;
- Na ocasião, o Supremo negou o pedido de inclusão de professores no grupo prioritário, mas o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que estados e municípios podem modificar os planos de imunização, desde que haja um detalhamento da realidade local;
- Caumo entende que a vacinação dos profissionais da educação é possível, já que a categoria está no rol do Plano Nacional de Imunizações.