Alta nos preços dos materiais interfere no PIB do setor

Custos da construção

Alta nos preços dos materiais interfere no PIB do setor

Demanda externa por metais reduz capacidade produtiva. Perspectiva de crescimento do segmento cai de 4% para 2,5% neste ano

Alta nos preços dos materiais interfere no PIB do setor
Preço dos metais, como ferro e cobre, dobraram nos últimos 12 meses. Situação interfere sobre ritmo das construções e pode trazer mais desemprego (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

A previsão para o ano era de otimismo na construção civil, com uma perspectiva de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 4% para 2021. Tudo por conta dos resultados positivos do setor no segundo semestre do ano passado.

Nos três primeiros meses, a realidade foi outra. Desabastecimento de materiais e alta nos preços provocam uma redução acentuada na expectativa dos negócios. Na revisão, o PIB para o ano não deve passar de 2,5%.

“Estamos de mãos atadas. Nada justifica esses aumentos. Ouvimos que se deve ao mercado externo, a oferta e demanda. Ainda assim, tem itens que estão 100% mais caros”, argumenta o vice-presidente do Sinduscon-VT, Jairo Valandro.

Os produtos com maiores altas são os metais, em especial o ferro e o cobre, também tubos de PVC. “Os custos estão muito mais elevados. Por outro lado, os índices usados para estabelecer os preços dos imóveis não garantem a reposição. Estamos muito preocupados. Pois isso está afetando a lucratividade, em especial de obras já negociadas, das vendas na planta”, avalia Valandro.

Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), de janeiro a março de 2021, o índice que mede a situação financeira das empresas do setor recuou 5,3 pontos em relação ao último trimestre de 2020.

Pelo Custo Unitário Básico (CUB) por metro quadrado, os materiais de construção que mais subiram nos últimos 12 meses foram o fio de cobre (114,8%), seguido do aço (110,8%) e as esquadrias em alumínio (75,2%).

Impacto sobre o Vale

O segmento da construção é um dos mais importantes à economia regional, destaca o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Ivandro Rosa. “É um setor com respostas rápidas à economia. Injeta dinheiro como ocorreu com o Auxílio Emergencial do ano passado. Naquele período, houve uma demanda muito grande por materiais de construção e a contratação de mão de obra também é muito rápida”, frisa.

De acordo com ele, as dificuldades provocadas pelo aumento nos custos faz com que alguns empreendimentos fiquem inviáveis. “Estamos diante de uma desaceleração no ritmo das construções. O que vai ocasionar desemprego e, para os autônomos, perda de renda.”

A indústria da construção envolve 91 atividades econômicas. Vai do barro até os acabamentos. Frente ao amplo leque de atuações, é difícil estabelecer um percentual na geração de renda, estima-se que 20% do PIB das indústrias gaúchas seja da cadeia da construção.

Nos 38 municípios da região, contabilizando organizações privadas, prestadoras de serviço e empresas, são mais de 30 mil CNPJs. São mais de mil empresas ligadas ao setor no Vale do Taquari.

Lajeado concentra a maioria, com cerca de 470 cadastros.

Indústria alimentícia

Além dos materiais de construção, os insumos à agricultura também estão em uma escalada de aumentos. Tanto que entidades regionais, como a CIC-VT, e também nacionais, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), reivindicam uma audiência com o presidente Jair Bolsonaro.

Entre as reivindicações, destaque para o pedido de isenção temporária do PIS/Cofins para importação de milho.
O encontro é articulado pelo ministro Onyx Lorenzoni e pelo senador Luís Carlos Heinze. A data ainda não foi confirmada.

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