O custo de produção na indústria alimentícia, em especial na produção de aves e suínos, foi o assunto principal da assembleia geral da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat). O encontro virtual teve participação dos presidentes das cooperativas Languiru, Dirceu Bayer, e da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini.
Por meio da entidade representativa do segmento agroindustrial, foi encaminhada uma carta ao Ministério da Agricultura e ao presidente Jair Bolsonaro. O grupo tenta agendar uma reunião com as autoridades federais para a próxima semana.
O intuito é apresentar o cenário preocupante da produção alimentícia. Conforme Dirceu Bayer, o segmento de carnes nunca passou por uma dificuldade tão grande. “O alto custo de produção, em função do preço do milho torna a situação insustentável. Vemos notícias falando que o agro está bem, mas é uma falsa impressão. O processo de desindustrialização é seríssimo.”
De acordo com o presidente da Languiru, é preciso sensibilizar os governantes sobre a condição das indústrias. Na cooperativa, diz Bayer, as condições atuais resultam em prejuízo de R$ 14 milhões por mês na avicultura. “O milho, que pagávamos R$ 45 a R$ 50 no ano passado, está em R$ 110. Hoje, se precisarmos comprar o grão aqui no estado, não tem.”
Esse alto custo dos insumos atinge duas das principais forças econômicas do Vale do Taquari. Na suinocultura, ainda que haja aumento nos custos, o impacto é um pouco menor, em especial pela exportação, que garante algum lucro. Já a avicultura, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 12 meses, esse setor teve um aumento no custo de 43,3%. Deste total, as empresas conseguiram repassar 26,6% desse valor para o consumidor.
“Este é um ano perdido”
Durante a explanação aos prefeitos da Amvat, Bayer afirmou que não há expectativa de melhoria no setor avícola para os próximos meses. “Este é um ano perdido. O mercado interno não reage e a exportação tem pouca expressão.”
O presidente da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini, acrescentou ainda o risco de desestruturação do sistema integrado existe no Vale do Taquari. “O apoio que precisamos também é dessa relação política. Para que se tenha um olhar sobre essas dificuldades. A parceria da Amvat neste momento é valiosa para tornar público.”
Na audiência com o presidente da República, a defesa dos pleitos vão no sentido de buscar medidas para reduzir os custos do milho, diz Piccinini. “Temos o milho mais caro do mundo. É preciso ter um sistema para isentar as importações, com a suspensão do PIS/Cofins. Só nisso, fica R$ 10 mais barato a saca.”
O presidente da Amvat, prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch, considera fundamental que os prefeitos façam contatos com deputados estaduais, federais e senadores para informar sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor. Considera ser necessário ampliar a pressão política para que sejam adotadas medidas para auxiliar as indústrias.
Energia elétrica
No início da reunião da Amvat, o consultor de Negócios da RGE, Umberto Ossig, abordou os projetos da concessionária para o Vale do Taquari. Os prefeitos ressaltaram a necessidade de mais agilidade para atendimentos em casos de oscilações e falta de luz, em especial nas áreas rurais.
O representante afirmou que há equipes de manutenção em prontidão e que o esforço da concessionária é para atender as expectativas da região. A RGE atua em 25 municípios do Vale, além de cidades da região de Guaporé.
Conforme Paulo Kohlrausch, o intuito da Amvat é criar proximidade com o representante da empresa responsável pelo abastecimento de energia com os prefeitos. “Se der problema, queremos buscar uma resolução objetiva e assertiva, em um nível administrativo”, afirmou.
Reivindicações do setor
O documento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lista umas série de medidas governamentais para socorrer o setor avícola.
Confira algumas:
• Autorização excepcional para importação de milho transgênico dos EUA para uso na ração animal até o fim do ano;
• Retirada temporária do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) aos países extra-MERCOSUL;
• Suspensão temporária (até dezembro) da cobrança de PIS/Cofins sobre a importação de grãos;
• Suspensão temporária da cobrança de PIS e COFINS incidente sobre o custo do frete nas operações interestaduais de transporte de grãos;
• Ampliação do acesso a crédito para armazenagem voltado às agroindústrias e cooperativas de proteína animal;
• Instalação de programas de incentivo ao plantio de insumos, em especial, nos entornos dos polos produtores de proteína animal do Brasil.