Cuidar da natureza e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo são os propósitos que levaram a jornalista e professora Elise Bozzetto, a desenvolver um projeto de reflorestamento de árvores nativas para alimentação da fauna. A iniciativa será desenvolvida no sítio da família, na localidade de Picada Augusta, próximo à divisa de Cruzeiro do Sul com Santa Clara do Sul.
O reflorestamento será viabilizado com o apoio de voluntários. Para isso, Elise criou um projeto no site de financiamento coletivo Benfeitoria. A ideia é arrecadar R$ 2 mil, já que haverão custos com a colocação de cercas de proteção e estacas para guiar as mudas e protegê-las do vento.
Elise conseguiu a doação de 400 mudas com a Certel para o plantio no sítio, com cerca de 50 espécies diferentes. “Contei meu projeto para eles, que avaliaram se teriam como apoiar. É um projeto sério. Eles me deram retorno e fiquei muito feliz com a diversidade das mudas. Muitas são frutíferas, que são bem importantes para a natureza”, destaca.
O objetivo é realizar o plantio das mudas entre maio e agosto. “Meu marido tem amigos interessados, há vizinhos, os meus amigos do budismo. Um mutirão já tenho garantido”, comenta a jornalista.
Técnicas necessárias
Plantar mudas não é novidade para ela. Mas, no começo, as tentativas não deram muito certo. Sem muita técnica, as árvores acabavam morrendo com o tempo. Para isso, buscou ajuda profissional do engenheiro ambiental Cleberton Bianchini, que lhe orienta voluntariamente sobre a melhor forma de fazer o plantio.
Ano passado, Elise plantou 200 mudas. Muitas não sobreviveram à seca e a um ataque de formigas. “Elas não vingavam em função dos cuidados que deveriam ser tomados antes e durante o plantio. Como sou envolvido em projetos assim, fiquei pilhado em ajudar e potencializar. É um projeto que faz a diferença. Estamos contribuindo para salvar diversas espécies”, afirma Bianchini.
O planejamento com a distribuição das mudas ocorrerá a cada dois metros, priorizando a diversidade e sem comprometer o uso dos potreiros para os cavalos. A ideia é usar todas as divisas da terra, bem como entre os piquetes, para plantar corredores verdes. “Cuidamos para mesclar espécies frutíferas aliando as diferentes alturas, para que uma não interfira na outra, potencializando o máximo das características delas”, explica o profissional.
Infância na natureza
Elise nasceu e cresceu em Lajeado. Quando criança, sua família vivia em uma área isolada no recém criado Verdes Vales. “Nós fomos os primeiros moradores do loteamento, na década de 1980. Era muito mato. Minha infância foi toda ali, no meio da natureza”, lembra.
Com o passar do tempo, a conexão foi diminuindo. Porém, a partir do momento em que teve filhos, Elise decidiu se reaproximar da natureza, pois queria que eles tivessem o mesmo contato. Ela e o esposo compraram uma chácara em 2009. A jornalista pensa, no futuro, realizar até oficinas no sítio para crianças sobre a natureza.
“A gente fica esperando que os políticos salvem a Amazônia e penso que podemos fazer sem esperar pelo outro para ajudar a natureza. Decidi fazer a minha parte”, ressalta.
Os custos do projeto*
– Composto orgânico (500 quilos);
– Madeira (ripas);
– Madeira (postes);
– Cerca elétrica (incluindo mão de obra para instalação);
– Picareta;
– Lona para proteção do composto orgânico;
– Profissional para descarregar composto;
(*) As 400 mudas foram obtidas por meio de doação