A semana começa com nova elevação no preço dos combustíveis. Tanto a gasolina quanto o diesel ficam mais caros. O primeiro devido a pouca oferta de insumos. Já o combustível mais usado pelos caminhoneiros se deve ao fim da isenção de PIS/Cofins.
Conforme pesquisa da Associação Nacional de Petróleo (ANP), a média do litro da gasolina no RS está em R$ 5,78. Essa é a quarta alta seguida nas últimas semanas. O levantamento considera cerca de 200 postos gaúchos.
De acordo com a Sulpetro, sindicato que representa as empresas do RS, essas elevações estão relacionadas ao custo do álcool anidro, insumo adicionado à gasolina. O problema tem relação com a produção nacional de cana-de-açúcar. A mistura é comprada do Sudoeste do país.
A colheita está em andamento e apresenta quebra na safra prevista devido à instabilidade meteorológica. O que provoca redução na oferta do insumo em momento de aumento da demanda.
Essa interferência na composição da gasolina ocorre em meio ao anúncio da Petrobras de redução no preço médio do diesel e da gasolina nas refinarias. O fato é que a pouca oferta do etanol anidro anula a queda de 1,9% (de R$ 0,05) confirmada sexta-feira passada.
Diesel: pressão por isenção de imposto
O tributo PIS/Cofins havia sido retirado do diesel em fevereiro. Em meio às críticas sobre a política de preços da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro definiu a isenção por dois meses. O prazo venceu ontem e provocou uma alta média de R$ 0,30 no litro do combustível.
Diversas entidades representativas do setor solicitam a prorrogação da medida. Entre elas está a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Em nota, a organização informou que o pedido foi feito ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
“Ocorre que o tempo de duração do decreto não foi suficiente para minimizar os prejuízos arcados pelos caminhoneiros com os consecutivos aumentos. Entendemos que no momento se faz necessário que o governo federal olhe para os caminhoneiros que ainda sofrem com o impacto dos últimos aumentos de combustível feitos pela Petrobras”, disse na nota, assinada pelo presidente da Abrava, Wallace Landim. Mesmo com a manifestação, o governo federal ainda não se posicionou sobre a possibilidade de retorno da isenção do PIS/Cofins.
Combustíveis pressionam a inflação
Os combustíveis acumulam aumento no ano. Na parcial de 2021, a gasolina está 40,7% mais cara nas refinarias, enquanto o diesel aumentou 34,1%. Apesar da instabilidade, a Petrobras reafirma que sua política estão associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio e têm influência sobre os preços.
A economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar, avalia que os combustíveis têm sido o principal segmento com aumento sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A tendência para os próximos meses é de continuidade de alta na inflação. Com a sequência de altas, Fernanda adverte para a reação em cadeia. “Com mais elevações nos combustíveis, o impacto será para todas as classes, pois a indústria terá mais custos e isso será repassado aos consumidores”, adverte.