Ao que tudo indica, os transtornos para a travessia sobre o Arroio Boa Vista na BR-386, entre Estrela e Lajeado, devem chegar ao fim nesta terça-feira. Após os trabalhos de reparo da estrutura, que ficou comprometida com a explosão de um caminhão-tanque, em 13 de março, o prazo inicial de seis meses foi encurtado para menos de 60 dias.
A liberação da ponte representa um alívio para a logística regional, visto que deve significar a volta da normalidade em um dos trechos mais importantes da malha viária do Vale, em uma das principais rodovias do Rio Grande do Sul. Apesar de o problema parecer solucionado, é relevante extrair as lições que o incidente deixa para a comunidade local.
É impressionante como um acidente trágico, que vitimou o motorista do veículo, gerou impactos tão gigantesco para todo o estado. Foram cerca de 50 dias de convivência com um grave gargalo que se impôs sobre a ponte, com a necessidade de desvios pelo interior e concentração de todo o tráfego na pista interior-capital. Foi um período de engarrafamentos diários, com prejuízos enormes a toda uma cadeia econômica.
A situação reacendeu um velho debate sobre a dependência da região ao trecho comprometido. Há décadas, líderes regionais falam sobre a necessidade de construção de novas pontes sobre o Rio Taquari, de modo a oferecer alternativas para os milhares de veículos que trafegam diariamente pela BR-386.
Outro fator mais do que evidente é a submissão que a nação tem do modal rodoviário. Um problema desta envergadura é capaz de comprometer todo o escoamento de milhares de empresas e gerar prejuízos milionários, em um cenário já desfavorável devido à crise decorrente da pandemia.
Mesmo com a normalização do trânsito na passagem, é fundamental avançar nas tratativas para ampliar as opções de tráfego, diminuir a demanda sobre a 386 e viabilizar o uso de outros modais de transporte. Com um sistema de mobilidade mais dinâmico, problemas como esse – que são inevitáveis – tendem a não causar impactos tão expressivos.