Desmontar objetos para entender como funcionavam por dentro era a diversão na infância de Francciesco Disconzi, 33. “Tudo que desmontava, minha mãe me obrigava a montar novamente. Acho que assim comecei meu interesse pelas restaurações”, brinca.
Formado em História, o porto-alegrense viu a curiosidade infantil crescer ainda mais durante a faculdade e se transformar em fonte de renda,faz cerca de 10 anos, quando começou a trabalhar com a conservação de objetos antigos. O primeiro deles foi um baú da colonização alemã de 186 anos.
De lá para cá, Disconzi já restaurou objetos pequenos como moedas até casas. Conforme ele, o principal desafio do restauro é corrigir as imperfeições causadas pelo tempo, mas mantendo as características históricas do objeto.
“No restauro não substituímos peças. Tentamos aproveitar todos os materiais para que o objeto se assemelhe ao máximo com o que foi no passado”, reforça.
A habilidade para trabalhar com materiais de madeira, vidro e metal foi aprendida de forma autodidata. Para Disconzi, trata-se de uma herança dos antepassados italianos que já possuíam conhecimentos em carpintaria, ferraria e tornearia, além de outros ofícios e técnicas antigas.
Os trabalhos e técnicas de restauração são compartilhados semanalmente por Disconzi nas páginas do Instagram e Facebook (@DisconziArt).
Restauração da própria casa
Antes de apostar na arte da restauração, Disconzi cursou o Tecnólogo em Sistemas no Paraná. Também atuou como professor e foi chamado para a direção da Escola Municipal Carlos Gomes, em Marques de Souza.
Com a dificuldade em conseguir uma residência no município, acabou encontrando uma casa antiga para alugar em Travesseiro, na Avenida 10 de Novembro. Logo, a residência de madeira construída por volta da década de 50 chamou a atenção de Disconzi pelas suas características históricas.
No passado, o local serviu como moradia para a família que possuía um moinho em Travesseiro. As rodas de pedras usadas na moagem dos grãos e ruínas da estrutura de tijolos ainda existem no local. “Tudo isso faz parte da história local”, comenta.
Disconzi conseguiu um acordo com o proprietário para restaurar a parte interna da casa. São três quartos, uma sala, cozinha e área de frente para o arroio Travesseiro. A moradia também possui um porão utilizado por Disconzi como oficina.
Entre os desafios dessa restauração está a retirada da pintura antiga. O trabalho é feito com resinas e uma preparação mais cautelosa com as lixas e escovas metálicas. Outra dificuldade é a necessidade de reposição de madeiras de lei que necessitam de autorizações ambientais.
O profissional já finalizou a restauração do chão, paredes e tetos internos. Atualmente, trabalha para recuperar as janelas do interior da residência.