Diante de um mercado cada vez mais competitivo, um conceito inspirado nos jogos eletrônicos ganha força no ambiente corporativo. Consagrada nos principais polos de inovação tecnológica, a gamificação foi tema do workshop Negócios em Pauta do mês de abril.
Transmitido pela Rádio A Hora e pelas redes sociais do Grupo A Hora, o evento teve como convidados o analista de Tecnologia da Informação, David William da Rosa e diretor de inovação da Acil, Eduardo Pittol, que também atua nas empresas Aztec e Criação.cc.
Pittol afirma que o assunto começou a entrar em discussão a partir do momento em que os nativos digitais passaram a ingressar no mercado de trabalho. Os primeiros jogos eletrônicos chegaram ao Brasil nos anos 1980 e os videogames se popularizaram na década seguinte. “A partir dos anos 2000, as pessoas já nasceram jogando videogame e essas pessoas estão ocupando posições no mercado.”
Para ele, incorporar a dinâmica dos games dentro do sistema corporativo é uma das melhores formas para motivar e reter pessoas que vivenciam essa sistemática desde a infância. “No ambiente corporativo é natural que exista muita cobrança, pois vivemos de entregas. Mas a jornada não precisa ser tão dolorosa.”
Conforme Pittol, a gameficação ajuda o colaborador a cumprir os objetivos da empresa, mas de uma maneira mais leve e descontraída. David da Rosa lembra que o conceito de Gamificação é muito recente e que a pouca literatura que existe sobre o tema é praticamente toda em inglês. Faz cerca de quatro anos que ele estuda a gamificação, inicialmente com foco na área de Recursos Humanos.
Segundo ele, o setor de RH é um dos mais impactados pelas mudanças no mercado e no perfil comportamental dos profissionais. “Diferentes estudos mostram que a motivção extrínseca, baseada em salário, bônus e prêmios, não dura muito tempo. A gamificação é um método de motivar o colaborador não só pelo dinheiro.”
Fases da missão
Para iniciar um processo de gamificação o primeiro passo é identificar as características dos jogadores e estabelecer uma missão clara e tangível. Conforme Rosa, se a empresa apenas determina uma tarefa para o funcionário é muito difícil alcançar engajamento. Da mesma forma, não adianta dar uma missão que a pessoa não conseguirá cumprir.
“Quem joga videogame sabe que, antes de iniciar um novo jogo, há um tutorial. Nas primeiras fases, a dificuldade do jogo é mais baixa e vai aumentando conforme você avança”, reforça. Segundo ele, o conceito pode ser aplicado desde a contratação de um profissional. Quando uma empresa admite uma pessoa muito qualificada ou sem qualificação suficiente para o cargo, a desmotivação é natural. “É como alguém que joga determinado jogo a dez anos ser colocado em uma fase inicial. Ele vai se frustrar muito.”
Dentro da gamificação, é possível mensurar o desenvolvimento do colaborador e trabalhar em níveis, da mesma forma como ocorre nos jogos de videogame, proporcionando uma trilha de conhecimento e crescimento profissional.
Crescimento profissional
Eduardo Pittol acredita que os profissionais podem ter atitudes gamificadas em relação à própria carreira, mesmo atuando em empresas que não utilizam o método. Para ele, o primeiro passo é perceber quais são as pessoas que já se desenvolveram na organização para descobrir o que é preciso aprender para construir a própria jornada.
Rosa acredita que as pessoas não devem apenas procurar empregos, e sim buscar ter uma profissão. “Isso significa ter clara a sua missão e o que você vai fazer para atingir os objetivos, sem depender da empresa para essa jornada continuar.”