O que te motivou a desbravar o mundo?
Em 2011, eu estava um pouco enjoado do meu dia a dia e um amigo meu me convidou para Nova Zelândia. E eu falei: “vamos embora. Vou largar o emprego, comprar as passagens e ir’. Só que tiveram problemas de vulcão no Chile, e cancelaram duas vezes os voos. Na terceira vez, meu amigo desistiu de ir. Depois de um mês, saiu um voo e eu fui. Fiz minha jornada sozinho.
Como foi chegar sozinho em um país estrangeiro?
Eu tinha um primo, de Arroio do Meio, que mora na Nova Zelândia. Nas primeiras semanas, fiquei na casa dele. Eu fiz um curso de inglês para garantir a minha entrada no país. Em dois meses, consegui emprego numa empresa de limpeza. Fazia faxina em hotel, casa, banco, escritório, o que aparecesse. Eu fui juntando dinheiro e conhecendo outros lugares. Depois de meio ano que eu tava lá fui para Malásia, Laos e Tailândia. Peguei um mês de férias, botei a mochila nas costas e fui viajar.
Depois das férias voltou para as faxinas?
Por um tempo sim, mas depois tentei mudar de trabalho. Eu fui para cidade de Christchurch, a recém tinha dado um grande terremoto, tava tudo quebrado, bastante serviço para obras. Eu trabalhei com gesso e pintura. Só que fui fui renovar o visto e eles negaram, tive que voltar para o Brasil. Aí voltei Brasil depois de 2 anos e meio.
E quando foi para os outros países?
Uma conhecida minha morava em Massachusetts, perto de Boston, e fui para lá, só que tinha muito brasileiro. Eu não queria ficar num lugar que tinha muito brasileiro. A minha ideia é conhecer gente de outros lugares, outras culturas. Eu buscava casas para morar, sem nenhum brasileiro, para falar inglês sempre. Mas sempre tem brasileiro, não tem como fugir. Fui para Dakota do Sul e trabalhei numa churrascaria, e o dono da churrascaria era de Arroio do Meio. Mas eu fiquei lá pouco tempo. Tentei sair dos Estados Unidos e voltar para a Nova Zelândia. Peguei um voo Miami- Fiji, mas tava sem visto e não me deixaram entrar na Nova Zelândia. Eu estava perdendo um pouco das esperanças, voltei para o Brasil, fiquei mais um ano aqui. E aí fui para Irlanda. Com base em Dublin, conheci vários países.
Que valores um viajante tem que ter?
Para ir viajar, a palavra é coragem. Se não tiver coragem, não vai. Hoje, eu tenho coragem porque eu fui. As vezes a gente sente falta de alguém do lado para fazer viagens, talvez vá acompanhado na próxima. Se eu estou sozinho, eu não sei quem eu vou encontrar e vou ter que me virar. Eu fui assim meio que para aprender para se virar. Para mim, viajar foi melhor que uma faculdade. Eu não sou formado, não estou com trabalho. Mas o que eu fiz ninguém me tira, minha experiência ninguém.