Praga ameaça produção do ‘milho safrinha’

Agricultura

Praga ameaça produção do ‘milho safrinha’

Infestação da cigarrinha-do-milho causa perdas de até 60% em lavouras

Praga ameaça produção do ‘milho safrinha’
Plínio Caliari, 56, produtor de Canudos do Vale, sofre perdas nas lavouras devido às doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

Danos causados pela cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) comprometem a produtividade do ‘milho safrinha’, plantado entre janeiro e fevereiro. Em Canudos do Vale, o produtor rural Plínio Caliari, 56, estima perdas de até 60% em oito hectares do cereal.

“Para evitar prejuízo ainda maior, começamos a fazer a silagem do milho plantado no fim de janeiro. Não tem condições de deixar a planta por mais tempo, as poucas espigas que se formaram estão estragando, será uma silagem com menor potencial nutritivo”, relata o agricultor.

Em parte das lavouras de Caliari, o milho safrinha não cobre os custos de produção. “O investimento por hectare é de aproximadamente R$ 3 mil. Na safra, o rendimento foi de 16 carretões de silagem por hectare, agora na safrinha, não chega a 8 carretões”, lamenta Plínio.

De acordo com o engenheiro agrônomo Alano Tonin, da regional Emater-RS/Ascar de Lajeado, oficialmente não existe a classificação de milho safrinha no estado. “Não há um zoneamento agroclimático específico, o que ocorre é um plantio tardio do milho safra entre janeiro e fevereiro. Mas popularmente, esse ciclo é denominado de safrinha”, explica Tonin.

A regional da Emater considera apenas os dados de produtividade da safra. “Esse ciclo de plantio normalmente inicia em agosto, com colheita até dezembro. Já a colheita da safrinha acontece entre abril e maio”, ressalta o engenheiro agrônomo.

Na região dos vales do Taquari e Caí, cerca de 75% do milho grão foi colhido e 85% da silagem confeccionada. “Considerando safra e safrinha, de modo geral, a perda de produtividade chega a 10%. Em casos mais específicos, esse índice supera os 50%”, pontua Tonin.

Proagro

Em recente decisão do Banco Central, as perdas nas lavouras em decorrência de doenças transmitidas pela cigarrinha terão cobertura pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). “Por regra, o programa não cobre perdas por doenças e pragas, porém, há um item específico viabilizando a cobertura quando não há método de controle difundido”, ressalta o técnico da Emater.

Para acessar o Proagro, é preciso comprovar redução de 30% na receita bruta esperada. “Com a alta no preço da saca de milho, muitos pedidos de Proagro são indeferidos, pois as perdas de produtividade são compensadas pelo aumento no preço do grão”, esclarece Tonin.

Na região, há comunicação de perdas pela cigarrinha nos municípios de Cruzeiro do Sul, Anta Gorda, Putinga, Relvado e Nova Bréscia. “Apesar dessa situação envolvendo o ataque às lavouras de milho, a demanda por Proagro é menor, se comparado ao ano passado, quando a estiagem comprometeu a capacidade produtiva do milho”, pontua o engenheiro agrônomo.

Monitoramento

Fiscais da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) vão a campo realizar o monitoramento da cigarrinha-do-milho, coletando insetos e plantas com possíveis sintomas. Estão previstas amostragens em 150 municípios de todas as regiões do Rio Grande do Sul. As primeiras 15 amostras coletadas serão remetidas esta semana para o laboratório oficial do Ministério da Agricultura, em Goiás.

“O complexo de doenças transmitido pela cigarrinha, pode dizimar grandes extensões de áreas de cultivo, devido à facilidade de disseminação, podendo ocasionar perdas de até 100% das lavouras. As épocas de semeadura mais tardias, ou milho safrinha, são os cenários de maior pressão de ataque”, detalha Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr.

Recomendações ao produtor

  • Eliminar plantas de milho espontâneas na entressafra;
  • Efetuar a colheita de forma a diminuir restos culturais do milho a campo;
  • Efetuar o plantio do milho evitando a proximidade de lavouras novas a lavouras mais velhas;
  • Evitar semeadura sucessiva de milho na mesma área;
  • Otimizar o planejamento da cultura, preferindo períodos ótimos em detrimento de semeaduras tardias;
  • Objetivar diminuir as perdas de grãos durante a colheita;
  • Efetuar o tratamento de sementes;
  • Efetuar o controle da cigarrinha do milho.
    Fonte: Seapdr/Mapa/Emater

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