“Artesanato salva vidas”

Abre aspas

“Artesanato salva vidas”

A tradição passada de geração para geração. O gosto por criar, por fazer as próprias peças e torná-las únicas. Esses são princípios para que a tradição do artesanato siga viva, afirma Leila Fagundes Kauffmann, 63. Natural de Lajeado, ela teve os primeiros contatos com o ofício ainda criança. Quando adulta, o artesanato virou uma terapia poderosa

“Artesanato salva vidas”
(Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

Como o artesanato surgiu na vida da senhora?

Desde criança. Minha mãe fazia tricô e crochê, além de ser professora. Minhas tias também faziam. Isso me estimulou a aprender. Quando adulta, fiz minha carteira de artesã em 1990. São 30 anos de profissionalização.

Neste histórico, quando a senhora cita a profissionalização, como foi esse processo?

Eu trabalhei muitos anos. Sou formada em administração. Minhas atividades eram em escritório, com cálculos. Sempre gostei disso também. Eu fazia terapia, e meu psicólogo sugeriu que eu mantivesse também algumas atividades manuais.

Então me inscrevi em um curso de pintura em tela. Gostei daquele ambiente, conheci pessoas, fiz amizades. Quando tive episódios e precisei me afastar do trabalho formal, passei a tricotar para fora.

Hoje em dia, qual a relevância do artesanato, tanto em termos de renda quanto de satisfação?

Minha vida está dedicada ao artesanato. Me aposentei faz quatro anos. A aposentadoria no Brasil é estranha, mesmo contribuindo a vida toda, o que recebemos depois não é muito. Então tenho um complemento na renda. Mas o principal é continuar sendo útil.
Muitas pessoas quando param de trabalhar, perdem o contato com a comunidade. Vão para casa, não tem o que fazer, fica uma mesmice e se deprimem. O artesanato para mim faz com que eu esteja sempre em movimento.

O artesanato salva vidas, porque melhora a autoestima, ocupa a mente e faz com que as pessoas se sintam úteis. É uma terapia para todas as idades.

Como é o cotidiano com esse tipo de trabalho?

Eu tenho meu atelier em casa. Faço expediente como se fosse um trabalho mesmo. Pela manhã, tomo meu café e fico até perto do meio dia produzindo. Em algumas tardes atuo no atendimento na sede da associação dos artesãos de Lajeado, também na sala do Sine, e no Shopping. Com a pandemia não temos mais eventos. Antes era mais movimentado ainda.

Como é possível fortalecer essa atividade? A região tem um olhar para isso?

O artesanato é cultura. Muitos confundem isso, não dando importância. É uma atividade próxima da arte, da música, da gastronomia. São conhecimentos passados de geração para geração.

Aprendemos com nossas avós, com os pais e faz parte da identidade de uma comunidade. Vejo que alguns deixam isso de lado. Ainda assim, na nossa região temos um artesanato muito forte. Por isso também é importante a valorização, inclusive por meio de políticas públicas.

Há diversos municípios que inclusive disponibilizam imóveis para instalação da Casa do Artesão. Em Lajeado, por exemplo, há uma lei que obriga a cedência de espaço para exposição em todos os eventos em que o governo municipal seja o promotor. Isso ajuda na visibilidade do nosso trabalho.

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