Os maiores municípios do Vale do Taquari suspenderam aplicação de segunda dose da CoronaVac. O motivo é o atraso do recebimento de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para o Instituto Butantan.
Na região, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Encantado e Taquari não possuem doses do CoronaVac para segunda aplicação. Teutônia conta com poucas unidades e, por isso, não realiza mutirão ou drive-thru para segunda dose. As pessoas que estiverem aptas a completar o esquema vacinal serão contatadas por telefone.
O prefeito de Santa Clara do Sul e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Paulo Kohlrausch, afirma que os municípios estão com estrutura pronta para avançar na aplicação da segunda dose, mas aguarda o governo federal.
Uma rodada de encontros deve tratar do assunto nesta semana.
Hoje à tarde, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Taquari (Consisa-VRT) se reúne. Kohlarausch cumpre, na quinta-feira, agenda em Porto Alegre e promete “ver mais de perto” a falta na entrega de segundas doses.Já n
a sexta-feira, há uma assembleia virtual dos prefeitos do Vale, onde uma posição regional sobre o assunto pode ser traçada.
“Vamos saber de que maneira nós podemos ter uma ação conjunta para fazer o que nos cabe que é pressão para a chegada de vacinas”, afirma Kohlrausch.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esteve ontem em audiência pública no Senado, onde prospectou a chegada de uma nova remessa em dez dias. O governo estadual não tem previsão de data para a chegada da remessa ao Rio Grande do Sul. Em relação ao cronograma do Plano Nacional de Imunizações, há uma defasagem de 14% na entrega de CoronaVac ao estado.
Entrevista
Fabiano Ramos – Médico e chefe do serviço de Infectologia do Hospital São Lucas da PUCRS
• Quais os riscos para a sociedade a falta de aplicação da segunda dose pode gerar?
No geral, não fazer a segunda dose tu vai reduzir a proteção que a vacina tem. Isso acarretando numa possibilidade de doença muito maior do que se a gente tivesse o calendário completo das vacinas. A proteção, nas vacinas que temos à disposição hoje no Brasil, gira em torno de 60 a 70%, quando a segunda dose não é aplicada essa proteção pode ser mais baixa.
• Proteção mais baixa significa que o vírus segue acometendo um número grande de pessoas?
Sim, aumenta a possibilidade de doença em um grande número de pessoas, ainda que forma não grave. Mas, ainda mantém o vírus em circulação. Saindo fora da função da vacinas, que é fazer, com esse bloqueio, que se diminua a demanda da rede hospitalar. É possível que se alcance uma imunidade na população eficiente para reduzir novos contágios.
• A falta da segunda dose pode provocar novas mutações do vírus?
Pode tornar o vírus mais forte. Pode estar induzindo uma modificação viral no futuro. Com as pessoas ficando com uma proteção mais baixa, o vírus vai se adaptando.
• Há pouco tempo alertava-se sobre a baixa procura pela segunda dose. Agora, o problema é a falta da oferta de doses. Diante desse cenário, como se pode reduzir os danos?
Diante deste cenário, não tem outra coisa a fazer a não ser conscientizar as pessoas sobre a necessidade de fazer a segunda dose. E tentar buscar uma produção maior das vacinas que a gente tem. Além de, eventualmente, buscar a chegada no país de novas vacinas que não foram adquiridas.
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