A região completa um ano da primeira morte por covid-19. Se trata de Elmira Vieira, 86, moradora de Lajeado. O óbito foi em 23 de abril de 2020. “Para nós foi um choque. Não imaginávamos. Víamos as notícias, da doença, mas nunca esperamos que fosse acontecer com a gente”, diz a filha, Beatris, 56.
Relembrar essa data ainda é motivo de dor. “Às vezes parece que não foi verdade, como se eu fosse encontrá-la. É um sentimento difícil de explicar. Não sei se é saudade, se é a dor da perda, enfim.” Beatris encontra conforto na fé. “Um ano sem a minha mãezinha. Mas temos certeza que ela está lá em cima, com Deus, e olhando por nós.”
Até hoje ela se lembra da última vez que viu a mãe. “Fiquei com ela na UPA. Ela começou a piorar. Entrei na ambulância junto e fomos até o hospital, quando ela entrou, nunca mais a vi.” A família não pode fazer o velório. “O que fica disso tudo também são os bons momentos. Em vida, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.”
Neste um ano do primeiro óbito registrado no Vale do Taquari, dados da Secretaria Estadual de Saúde apontam que houve um total de 712 vítimas da doença. O municí
pio de Lajeado tem o maior número de mortes, com 170. Em seguida aparece Teutônia, com 70, e Estrela, com 65.
Ano de mudanças
A pandemia exigiu transformações. Aulas presenciais suspensas, aglomerações proibidas, restrições para realização eventos sociais e novas regras para atendimento em saúde nos hospitais, postos de saúde e unidades de emergência.
Tudo para frear o risco de um colapso no atendimento em saúde. Todos os profissionais dos hospitais, postos e emergências tiveram de adotar novos protocolos. Foi uma reviravolta, pois tudo era novo e desconhecido.
O período marca também novas formas de trabalho e impactos na economia. Depois de abril, maio e junho de muitas incertezas, com decisões de fechar empresas, lojas, restringir atendimentos e produção na indústria, houve um avanço expressivo do desemprego e nas falência.
Os setores mais atingidos foram os serviços e o comércio. Na análise da Fecomércio, o período de desafios fez com que se acentuassem desigualdades, em que as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem.
Com a terceira onda da covid, o governador Eduardo Leite determinou três semanas de restrições. O que trouxe descontentamento por parte dos representantes do comércio dito não essencial.
Na indústria, o primeiro semestre de 2020 foi de queda na produtividade. Quando houve mais condições, com queda nos contágios e equilíbrio dos casos, o setor se mostrava em crescente recuperação.
Para entidades como a Fiergs, o rombo só não foi maior devido às políticas governamentais, como suspensão de contratos, antecipação de férias e autorização para redução da jornada de trabalho.
CIDADES COM MAIS MORTES
170 • LAJEADO
70 • TEUTÔNIA
65 • ESTRELA
60 • TAQUARI
48 • ENCANTADO
CIDADES COM MENOS MORTES
5 • SANTA CLARA DO SUL, ILÓPOLIS e MARQUES DE SOUZA
4 • ANTA GORDA
3 • DOUTOR RICARDO, IMIGRANTE, RELVADO, POUSO NOVO e CANUDOS DO VALE
2 • COQUEIRO BAIXO e CAPITÃO
1 • POÇO DAS ANTAS e DOIS LAJEADOS