Nas mãos do Judiciário

Editorial

Nas mãos do Judiciário

Vale do Taquari

O imbróglio jurídico que se instaura em torno da reto­mada das aulas presenciais é imprevisível. Desde que uma liminar suspendeu as atividades, o estado vive um cenário de indefinição sem precedentes para um dos setores mais importantes da sociedade.

A partir de um novo decreto estadual anunciado nessa sexta-feira, uma nova perspectiva se cria para a próxima semana. Conforme o entendimento da Procuradoria Geral do Estado (PGE), a nova regra vigente “dribla” a suspensão até então vigente e viabiliza a retomada imediata a partir de segunda-feira para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Por outro lado, ainda na tarde dessa sexta, as entidades autoras da ação que suspendeu as aulas no fim de fevereiro (CPERS e Associação de Pais e Mães pela Democracia) já começavam a se articular para um novo movimento jun­to à Justiça. A instabilidade é tamanha que, até a próxima segunda-feira, a ex­pectativa de retorno pode ser frustrada.

O fato é que existe uma grave contra­dição na suspensão das aulas presen­ciais no RS. Bares, igrejas e academias, por exemplo, estão autorizados há receber público há mais de um mês, enquanto que as instituições de ensino permaneceram esse período e pratica­mente todo o ano passado somente com as aulas virtuais.

Em um país onde a exclusão digital ainda é uma dura realidade, como ficam as famílias sem acesso à internet de qualidade ou mesmo sem computa­dor em casa?

Os mais prejudicados nesta conjun­tura são os menores. Já há inúmeros estudos sobre os danos cognitivos e prejuízos pedagógicos. Isso sem consi­derar aspectos como violência domés­tica, depressão infantil e alimentação saudável comprometida.

Para quem tem filhos e precisa tra­balhar de forma presencial, são poucas as opções para manter as crianças em ambiente seguro. Muitos optam por contratar babás ou ainda em deixar os pequenos em casas de cuidadoras. E quem não tem recursos para tanto?

Em termos sanitários, seriam essas al­ternativas mais seguras do que o espaço escolar que segue os devidos protoco­los? Para muitos, resta acionar serviços clandestinos, onde não há garantia de condições de higiene e mesmo de acom­panhamento confiável aos menores.

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