Projeto para mudança de brasão divide opiniões em Santa Clara

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Projeto para mudança de brasão divide opiniões em Santa Clara

Executivo retirou matéria da câmara para ajustes. Governo vai criar um grupo de trabalho sobre o assunto. Vereador da oposição propõe audiência pública e plebiscito para envolver a comunidade na decisão

Projeto para mudança de brasão divide opiniões em Santa Clara
Após repercussão, governo retira proposta de mudança do brasão da câmara e cria grupo para ajustar projeto (Foto: Reprodução)
Vale do Taquari

Em vez das armas usadas na revolução federalista, um ramo de flores. Esse é o principal ponto de discórdia na mudança proposta pelo governo de Santa Clara ao brasão do município. O novo escudo trocaria ainda a imagem de um terreno arado por um campo florido, e a estrada de chão que cruza os vales seria uma via asfaltada.

O projeto para alterar o brasão foi enviado à câmara em 14 de abril, mas não foi à votação na sessão da terça-feira passada, 20. A proposta foi tema de reunião na tarde de ontem, entre a presidente da Casa, Helena Hermann (MDB), o líder de governo Eduardo Ferla (MDB) e o prefeito Paulo Kohlrausch (MDB).

Após o encontro, o governo municipal decidiu retirar o projeto da tramitação do Legislativo para ajustá-lo. O Executivo vai criar uma equipe para tratar do assunto.

“Será criado um grupo de trabalho, envolvendo representantes das áreas de cultura, educação e turismo do município, para definir de maneira conjunta o novo modelo de Brasão”, diz o governo, em nota.

Para a presidente do Legislativo, Helena Hermann, não há ilegalidade na mudança do escudo. “Nós não pedimos para retirar o projeto. Nós pedimos para rever questões”.

Ela lembra que na época da emancipação, uma espécie de concurso elegeu o brasão da cidade, mas que a alteração no símbolo não ignora o passado. “Queremos que a história permaneça, respeitamos muito as pessoas que começaram Santa Clara”, acrescenta.

A posição do vereador Airton Teloken (PP) é diferente. “O brasão novo não conta a história do município. O brasão conta história de flores, mas nosso passado é a guerra dos maragatos”.

Teloken alerta ainda para os custos que podem ser gerados ao trocar o símbolo nos uniformes dos servidores e bandeiras da cidade.

Vereador propõe plebiscito

O parlamentar Thiago Carvalho (PTB) acredita que a população deve ser envolvida na proposta.
“Isso deve ser decidido com a comunidade. Não podem nove vereadores decidirem mudar a história”, argumenta.

Ele propõe uma audiência pública para ampliar o debate e um plebiscito virtual. “Tem que ser feito um plebiscito. Pode ser online, sem ofender ninguém, sem tumulto nenhum. Mas tem que discutir isso todo mundo junto”, projeta.

Brasão conta vitória de colonos contra maragatos

Uma das críticas à alteração no símbolo municipal diz respeito a um episódio histórico marcante na trajetória da comunidade. As baionetas que circundam o brasão seriam trocadas por um ramo de flores. As armas, porém, remetem a 1985, quando colonos santa-clarenses venceram o exército federalista.

A guerra civil entre os maragatos, revoltosos pela instauração de federação, e os pica-paus, que conservavam a república, durou cerca de dois anos. As batalhas sucederam à Revolução Farroupilha e tiveram a influência do contexto bélico da época.

A batalha de Santa Clara virou monumento na cidade, que expõe o busto do Coronel José Diel, líder do exército local.

Conforme o historiador José Alfredo Schierholt, Diel veio a região com dez anos acompanhado de parentes. Em 1872, a família migrava do Morro dos Bugres, em São Leopoldo, para a Picada Augusta, sendo uma das pioneiras da colônia de Santa Clara.

Ele foi o primeiro superintendente da localidade quando se tornou distrito em 1914.

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