O que o Vale precisa para  sair da preta

Expectativa na bandeira

O que o Vale precisa para sair da preta

Estado revisa hoje mapa das bandeiras e tendência é que todo o RS siga em nível de risco mais elevado pela 9ª semana seguida. Na região, critério de salvaguarda afasta chance de volta para bandeira vermelha. Comitê de crise, porém, estuda alterar regra frente à queda na ocupação de UTIs e leitos clínicos

O que o Vale precisa para  sair da preta
Foto: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

Os leitos livres divididos pelo total de pessoas com covid-19 internadas em UTIs. Esse é o cálculo que está no cerne das preocupações do gabinete de análise de dados da região e que inviabiliza a retração à bandeira vermelha. Esse critério, chamado de salvaguarda, é um dos 11 usados para a definição do mapa do distanciamento social.

Sem essa regra, o Vale do Taquari estaria em bandeira vermelha há pelo menos quatro semanas, diz o secretário da Fazenda e integrante da comissão de dados da região, Guilherme Cé. “Pelo que vimos, seguiremos na bandeira preta, tanto o Estado, quanto os Vales do Rio Pardo e Taquari.”

O secretário cita as duas regiões pelo fato de a salvaguarda adotar como método as ocupações em leitos de UTI da macrorregião. Para saber a pontuação do Vale do Taquari, é preciso calcular os dados de Santa Cruz do Sul e de Cachoeira.

Caso a análise fosse restrita aos quatro hospitais do Vale com UTI, o Vale estaria com 0,42, com 16 leitos livres e 38 pacientes com covid em leitos intensivos. Como a salvaguarda estipula a nota da macrorregião (com Santa Cruz e Cachoeira), esse índice hoje é de 0,15. Para ficar na bandeira vermelha, o indicador precisaria ser igual ou superior a 0,35. “Observamos que temos um quadro estável em termos de novos contágios, mas que na macrorregião não temos leitos suficientes”, resume Cé.

Quanto ao RS, pelos dados da Secretaria Estadual de Saúde, no fim da tarde de quinta-feira, 22, havia 486 leitos de UTIs livres, com um total de 1.895 pacientes confirmados com covid-19. O índice de 0,25 em termos de salvaguarda. Para os dados gerais, a linha de corte é superior às regiões. Para o Estado ter patamar de bandeira vermelha, precisa ficar acima de 0,35.

Fim da salvaguarda

Em reunião na tarde de quinta-feira, 22, o comitê de dados do governo do Estado debateu a possibilidade de rever o critério sobre a divisão dos leitos livres pelos ocupados por covid-19. Caso essa mudança seja confirmada, na rodagem dos dados de hoje, o RS poderia sair da bandeira preta após oito semanas.

A salvaguarda passou a ter um peso maior na definição das bandeiras quando o comitê verificou um aumento drástico nos contágios e internações. A alteração ocorreu no fim de janeiro.

Com a queda nas internações em leitos clínicos e também nas UTIs, abre-se o debate sobre retirada dessa imposição. Possibilidade saudada por prefeitos do Vale do Taquari, como é o caso de Marcelo Caumo, de Lajeado.

Para ele, seria mais justo a retirada dessa exigência. “Só por essa regra que estamos em bandeira preta. Leito de UTI tem a finalidade de atender quem precisa. Não é certo ter a vaga e ficar dando alta para paciente só para atender um índice. Por natureza, as UTIs sempre tiveram altos índices de ocupação”, defende Caumo.

Volta às aulas

De acordo com o prefeito, os dados da região indicam estabilidade no controle da pandemia. “O fim desta barreira é um ganho para nós. Poderíamos inclusive nos organizarmos para retomar os atendimentos nas escolas”, afirma.

Tanto que esse assunto será debatido em reunião na manhã desta sexta-feira entre diretores das escolas privadas da cidade e o gabinete de crise do Vale. Nos colégios municipais, diz Caumo, também há organização prevista para reabertura em caso de bandeira vermelha. “Talvez seriam necessários alguns dias, mas a ideia é voltar com os atendimentos.”

Cogestão pode ser suspensa

A definição da continuidade ou não da salvaguarda será apresentada hoje, junto com a rodagem do novo mapa de distanciamento. Em caso da barreira ser levantada, a contrapartida dos municípios seria a suspensão da cogestão.

Com isso, as regiões não poderiam adotar protocolos anteriores a bandeira prevista. Significa que, caso ocorra dados para bandeira vermelha, os prefeitos estariam proibidos de adotar protocolos laranja nas cidades.

Vale com taxa e ocupação de UTIs em 75,3%

Nos quatro hospitais com Unidades de Tratamento Intensivo da região há 49 pacientes internados. Deste total, são 38 confirmados com covid-19 e 11 por outras enfermidades. Com relação aos leitos clínicos, segue a tendência de queda vista nas últimas semanas.

Para o comitê de crise, tem-se um indicativo de que a taxa de contágio na região mantém uma constante redução.

O percentual de ocupação em UTIs está em 75,3%, um dos menores desde o fim de fevereiro. Os indicadores vistos no Vale do Taquari se assemelham ao que está sendo vivenciado em todo o RS.

Apesar das reduções nos dois indicadores, o nível de risco ainda é considerado elevado pelo comitê de risco. Na análise do grupo, há uma demonstração de que as medidas de restrição trouxeram efeitos, mas a infraestrutura hospitalar continua sendo muito exigida.

Hoje, as piores notas ficam para as regiões de Santa Cruz do Sul, Cachoeira, Novo Hamburgo, Uruguaiana e Palmeiras das Missões, todas com ocupação total ou acima dos 100%.

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