Mais de sete anos sem transporte de cargas pelo Rio Taquari, quase o mesmo tempo de interrupção da chegada de locomotivas em Estrela. Como resultado, o título de porto mais ocioso do país. Um projeto que foi marco do Regime Militar, como um dos primeiros entroncamentos hidro-rodo-ferroviário da nação, é alvo de um esforço regional para voltar à ativa.
Entre os movimentos para transformar o complexo em um entreposto logístico, a Câmara da Indústria e Comércio do Vale (CIC-VT) promoveu no fim da tarde de segunda-feira uma nova reunião para afinar a estratégia local.
“Nosso propósito é dar continuidade ao projeto de tornar o porto um terminal multimodal”, afirma o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa. De acordo com ele, as discussões acerca dessa temática haviam sido interrompidas entre outubro a dezembro, devido a eleição municipal.
Depois disso, com a contaminação por covid-19 do prefeito de Estrela, Elmar Schneider. “Agora retomamos os projetos. Tanto que vamos agendar uma reunião com o prefeito para apresentar nossos encaminhamentos e saber as estratégias do município para uso do porto”, diz Rosa.
Começo pela hidrovia
Na semana passada, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), garantiu investimento na dragagem no Rio Taquari. O serviço ocorrerá entre os municípios de Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul, Venâncio Aires, Taquari e General Câmara.
Conforme o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa, trata-se de uma contrapartida do governo federal. “Apesar da municipalização do complexo portuário, a hidrovia permanece sobre gestão e responsabilidade do Dnit.”
Com a dragagem, é possível reativar o canal de navegação para um calado de 2,5 metros, profundidade necessária para as embarcações. “Esse é um requisito básico para termos a volta do transporte de cargas pelo rio”, afirma.
O longo período sem manutenção na hidrovia, associada às últimas enchentes, em especial a de junho de 2020, interferiram muito sobre o canal. As intervenções no rio, ressalta Rosa, têm potencial de agilizar a reestruturação do modal hidroviário.
Ainda assim, o presidente da CIC-VT ressalta: “só vamos ter o retorno do transporte pelo rio se houver cargas. Por isso, estamos buscando informações das necessidades da região em termos de insumos e produtos, seja para chegada quanto para outras localidades.”
Em entrevista concedida ao programa A Hora Bom Dia, da Rádio A Hora, em 28 de janeiro deste ano, o senador Luís Carlos Heinze, declarou que a previsão para retomada das atividades no complexo portuário de Estrela é de dois anos.
O senador tem atuado como elo entre a região e o governo federal no assunto logística, com participação nos debates envolvendo o aproveitamento do posto. Na entrevista, destacou que há interesse de empresários de outras regiões para a volta dos serviços de modais alternativos.
Diagnóstico das regiões
Desde o segundo semestre do ano passado, o grupo de trabalho formado pela CIC-VT realiza a busca de empresas interessadas em utilizar o porto de Estrela. A ideia é fazer um diagnóstico com o potencial de cargas para transporte tanto do Vale do Taquari, quanto do Rio Pardo e da Serra.
Com esse documento, acredita o comitê local, é possível apresentar para investidores especializados neste tipo de operação. O material deve ficar pronto ainda neste ano, estima o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa.