Contrassenso da suspensão

Editorial

Contrassenso da suspensão

Contrassenso da suspensão
Vale do Taquari

Existe uma grave contradição na suspensão das aulas presenciais no RS. Enquanto a maioria das atividades são retomadas, a educação consiste em um dos poucos segmentos que estão completamente interditados. Justamente um dos setores mais importantes para a sociedade.

É inconcebível que bares, igrejas e academias, por exemplo, estejam autorizados a receber público, enquanto que as instituições de ensino precisam manter somente as aulas virtuais. Em um país onde a exclusão digital ainda é uma dura realidade, como ficam as famílias sem acesso à internet de qualidade ou mesmo sem computador em casa?

Mesmo em um cenário utópico, onde todas as crianças tivessem condições de acompanhar as atividades de casa, não há dúvidas de que a presencialidade é insubstituível, especialmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, quando ocorre a alfabetização.

Outro impasse que se instaura com a liberação de setores econômicos e a continuidade do fechamento das escolas diz respeito à rotina da maioria das famílias. Para quem tem filhos e precisa trabalhar de forma presencial, são poucas as opções para manter as crianças em ambiente seguro.

Muitos optam por contratar babás ou ainda em deixar os pequenos em casas de cuidadoras. Em termos sanitários, seriam essas alternativas mais seguras do que o espaço escolar que segue os devidos protocolos? Para muitos, resta acionar serviços clandestinos, onde não há garantia de condições de higiene e mesmo de acompanhamento confiável aos menores.

Ainda que tenham tais condições, como fazem as famílias de baixa renda cujos pais precisam sair para trabalhar – ou mesmo trabalhar de casa – e não possuem parentes próximos para garantir os cuidados? Alguns, inclusive, optam por deixar as crianças sozinhas na residência, o que constitui crime de abandono de incapaz.

Os mais prejudicados nesta conjuntura são os menores. Já há inúmeros estudos sobre os danos cognitivos e prejuízos pedagógicos. Isso sem considerar aspectos como violência doméstica, depressão infantil e alimentação saudável comprometida.
Nenhum outro país além do Brasil manteve por tanto tempo as escolas fechadas como em 2020. E novamente o ano letivo se perde em 2021.

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