Impactos da inflação são maiores aos mais pobres

Custo de vida

Impactos da inflação são maiores aos mais pobres

Pesquisa do Ipea mostra que, em 12 meses, famílias com renda de R$ 900 a R$ 2,4 mil foram as mais atingidas pelas variações nos preços

Impactos da inflação são maiores aos mais pobres
(Foto: Divulgação)
Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março foi de 0,93%. Uma alta de 0,07 ponto percentual em relação a fevereiro. Ainda que pareça pouco, se trata do maior resultado para o mesmo mês desde 2015, quando a variação em 30 dias bateu 1,13%.

Ao se olhar para os dados dos últimos 12 meses, a inflação mostra que tem impactado cada vez mais na renda das famílias. O indicador ultrapassou a meta do governo para o ano, chegando a 6,1%.

Essa aceleração do IPCA atinge todas as faixas de renda, explica a economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar. “O IPCA é nossa referência do custo de vida. Considera uma cesta de bens, que vão de pessoas que ganham um salário até 40 salários mínimos”, destaca. Os dados do Instituto de Pesquisa Aplicadas (Ipea), confirmam essa afirmação.

Nos últimos 12 meses, as famílias com renda de R$ 900 a R$ 2,4 mil tiveram um aumento nos custos de vida maior. Pelos dados do instituto, a inflação aumenta conforme a renda, sendo de 4,67% para os mais ricos e de 7,24% para os mais pobres.

“Esse resultado que está ligado ao preço dos alimentos. No ano passado houve uma variação muito grande. Inclusive o arroz foi tido como o vilão da inflação. Se trata de uma faixa de renda em que as despesas básicas interferem mais sobre o orçamento das pessoas.”

Como há uma desaceleração no preço dos alimentos, estes primeiros três meses do ano trouxeram reflexos sobre outra faixa de renda. Há uma reversão dessa disparidade, em que a inflação acumulada alcança 2,3% para os mais ricos e 1,6% para os mais pobres. “Devido aos combustíveis, em especial a gasolina. Isso impacta sobre as classes que ganham um pouco mais. Aqueles que têm carro próprio”, avalia Fernanda.

Nos três primeiros meses do ano, combustíveis tiveram maiores altas. Com reflexo sobre as
classes médias e alta (Foto: Divulgação/Tomaz Silva/Agência Brasil)

A tendência para os próximos meses é de continuidade de alta na inflação, projeta a economista. Tudo por conta das incertezas quanto à política de preços da Petrobras. Com a sequência de altas, Fernanda adverte para a reação em cadeia.

“Com mais elevações nos combustíveis, o impacto será para todas as classes, pois a indústria terá mais custos e isso será repassado aos consumidores”, adverte. Essas sinalizações indicam, diz, a tendência para mudanças nas políticas econômicas, inclusive com uma possível revisão dos juros, com altas na tentativa de conter a inflação.

Nos últimos 12 meses, a inflação mostra que tem impactado cada vez mais na renda das famílias. O indicador ultrapassou a meta do governo para o ano, chegando a 6,1%, entre abril de 2020 até o mês passado.

Em três meses, inflação cresce 2,05%

Conforme o IBGE, no primeiro trimestre, a inflação oficial acumula alta de 2,05%. No geral, o grupo onde estão os combustíveis (Transportes), a variação em março foi de 3,8%. Depois aparece a Habitação, com alta de 0,81%. Os alimentos e as bebidas seguem tendência de desaceleração. Contribuíram com apenas 0,03 ponto percentual no índice inflacionário do mês passado.

Gasolina com alta de 23% em 12 meses

A liderança do grupo Transportes na inflação se deve principalmente à alta nos combustíveis. Dentro desse segmento, a gasolina teve 11,2% de alta de fevereiro para março. Em doze meses, acumula 23% de aumento.

O segundo grupo com maior alta sobre o IPCA foi a Habitação, em especial devido ao gás de cozinha, com quase 5% de alta em um mês. O preço do botijão acumula 20% de aumento nos últimos 12 meses.

Os alimentos e bebidas, maiores vilões da inflação no ano passado, mostram reduções desde dezembro. O tomate (-14,1%) a batata (-8,8%), o leite longa vida (-2,2) e o arroz (-2,1%) foram os itens que mais interferiram no recuo dos preços. Já as carnes continuam em alta, fecharam março com uma diferença de 0,85%.

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