Lendo a coluna da colega Cíntia Agostini, no último final de semana, e os argumentos que trouxe sobre a necessidade de mobilizar os diferentes atores (universidades, institutos de pesquisa, indivíduos, poder público, empresas) na busca inovação como uma alternativa para a oferta de novos processos, serviços, produtos e modelos de negócios, lembrei da proposta de estudo do colega Lair Schirmer. Ele está pesquisando a Economia Circular aplicada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS na indústria alimentícia, resolvi escrever sobre isto. Também conhecidos como Agenda 2030 , os ODS são 17 objetivos que podem ser observados de forma individualizada, mas são integrados e indivisíveis, pois acredita-se que não seja possível avançar em um desconsiderando os demais. Acredito que a economia circular possa contribuir de maneira inovadora para o alcance dos ODS, mas em especial para o objetivo de número 12 – Consumo e produção responsáveis. Tal contribuição pode se dar por meio da adoção de projetos criativos, inventivos e colaborativos (plagiando a Cíntia). A adoção de inovações, na dinâmica da economia circular, permite a inserção dos resíduos de um processo como matéria-prima para outros. É mais do que reciclagem, do que logística reversa (embora andem de mãos dadas). Trata-se de pensar todo o ciclo de vida do produto buscando a longevidade e não a obsolescência programada. Consiste em usar os recursos e não de consumi-los. Para a consecução destes conceitos, na prática das organizações (privadas, com ou sem fins lucrativos, ONGs, públicas) será preciso inovar na gestão das cadeias de suprimento fazendo com que atuem de forma simbiótica. Será preciso desenhar os produtos para a circularidade, pensar os processos para a mitigação do consumo de insumos, visualizar o todo, do berço ao berço. Com certeza, a implementação de empreendimentos, que contemplem este conceito, trará impactos econômicos, sociais e ambientais que permitirão confirmar que a prática da ecoeficiência pode ser considerada uma prática de negócios, senão inovadora, sensata, permitindo ganhos para a sociedade. Importante destacar que a adoção de práticas da economia circular não está restrita às grandes empresas, podendo ser aplicadas, com as devidas adaptações, as micro, pequenas e médias empresas dos diferentes setores econômicos trazendo benefícios para todos.
Opinião
Carlos Cyrne
Professor da Univates
Assuntos e temas do cotidiano