A vida onde a pandemia está melhor controlada

Esperança que vem do exterior

A vida onde a pandemia está melhor controlada

Países avançam na vacinação e começam a retomar aos poucos a normalidade. No Reino Unido, bares e pubs já projetam funcionamento com público. Na Austrália, show no mês passado atraiu mais de 10 mil pessoas. Ex-moradores do Vale relatam a experiência em lugares que estão à frente do Brasil no controle da covid-19

A vida onde a pandemia está melhor controlada
Aos 35 anos, Reiter já foi vacinado. Ele mora nos Emirados Árabes, na cidade reconhecida como “a mais segura do mundo” (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

A vacinação contra a covid-19 ainda caminha a passos lentos no Brasil. Iniciada em 17 de janeiro, a imunização alcançou apenas 2,4% da população até o momento, com 23 milhões de doses aplicadas, somando primeira e segunda doses. Enquanto isso, o país enfrenta um dos piores cenários da pandemia e registrou pela primeira vez, na última terça-feira, mais de 4 mil mortes num só dia.

Enquanto as autoridades brasileiras divergem sobre estratégias para imunizar mais pessoas e discutem sobre flexibilizações e restrições nas atividades econômicas, outros países avançam na vacinação e, em alguns casos, com a queda acentuada nos contágios e óbitos por covid, promovem até eventos com grande concentração de pessoas.

Pelo mundo, cidadãos nascidos no Vale do Taquari ou que residiram em cidades da região acompanham o cenário de evolução no combate à pandemia. Países como Israel e Emirados Árabes Unidos apontam números bastante animadores no processo de imunização.

Nos Estados Unidos, já se projeta a liberação da vacinação para todos os adultos ainda este mês. O Reino Unido também pretende imunizar logo a população adulta, garantindo pelo menos a primeira dose até julho.

“A população acredita na capacidade de imunização”

A lajeadense Tainá Cecconello Castel destaca o avanço da vacinação na Inglaterra, onde reside há cinco anos e meio, na cidade de Milton Keynes. Após priorizar os chamados grupos de risco no começo da campanha, iniciada em dezembro, o plano do governo é que, até julho, todos os adultos do país tenham recebido pelo menos a primeira dose. Mais de 32 milhões de pessoas já foram vacinadas.

“A população está feliz e acreditando na capacidade de imunização. Sempre tem uns ‘anti-vacina’, mas com os resultados positivos da vacina, não são tantos”, comenta. Tainá lembra que houve a adoção de três lockdowns desde o começo da pandemia, o mais recente iniciado em janeiro e ainda em vigor. Porém, aos poucos, as restrições estão afrouxando.

“Muitos comércios estão fechados desde 4 de janeiro e, consequentemente, aumentou o desemprego, está em 5%. O que ajudou muito os desempregados e as empresas foram os auxílios do governo, que aqui são realmente bons. E os testes em massa ajudam a controlar o vírus. O teste de fluxo lateral é barato e rápido, e toda empresa que trabalha em larga escala e famílias com criança em idade escolar recebem esses testes”, afirma.

Em maio, a tendência é que bares e pubs reabram para atendimento e que os estádios de futebol recebam público, com restrições e distanciamento. Segundo Tainá, em ocasiões de eventos com maior número de pessoas, será exigida na entrada dos estabelecimentos a carteira de vacinação.

No Reino Unido, a população não tem o costume de utilizar máscara nas ruas, apenas em estabelecimentos, transporte público e outros locais fechados. “Mas o povo aqui sempre mantém o distanciamento social, não aglomera. Tu não vê grupos maiores do que o permitido nas ruas”, salienta Tainá.

Em Israel, mais da metade da população já recebeu as duas doses da vacina (Foto: Divulgação)

Lugar mais seguro do mundo

Há 12 anos morando nos Emirados Árabes, o atleta e professor de jiu jitsu estrelense Maiky Reiter vê com bastante otimismo o avanço da vacinação. Imunizado com as duas doses, ele lembra que o país teve rigorosas restrições ano passado, logo após o surgimento dos primeiros casos, e que isso ajudou a frear a doença.

“Tivemos um mês de lockdown das 18h às 8h, com vaporização das ruas e proibição da circulação de pessoas. A adesão às máscaras foi quase total. A primeira atividade que voltou foi o Exército, depois as de empresas do governo. Aí, fizeram uma testagem em massa e, com isso, conseguiu se voltar às atividades aos poucos”, afirma.

Maiky comenta que, recentemente, Abu Dhabi, onde reside, recebeu o título de “Cidade mais segura do Mundo” em relação à covid-19. Diz que, na família, teve apenas um caso da doença e que, na ocasião, cumpriu rigorosamente a quarentena.

“Tínhamos que ficar em casa, com rastreadores de GPS. Agora estamos felizes com o controle. Quando começou a vacinação, fizeram vários centros gigantes, com vacina gratuita”, recorda. Oficialmente, o governo do país informa que foram aplicadas quase 8,7 milhões de doses, sem especificar quantas pessoas receberam as duas doses. A população é de 9,7 milhões de habitantes.

Questões diplomáticas

Um dos primeiros países do mundo a fechar contratos e negociar a aquisição de imunizantes em massa, o Canadá ainda patina na vacinação. Quase 7 milhões de pessoas receberam a primeira dose, número considerado decepcionante por autoridades locais. Sem produção própria, depende exclusivamente de outros países para avançar na campanha.

“Aqui não é produzida uma gotinha sequer. Isso nos colocou em uma situação muito frágil frente a outros países. É uma maratona injusta”, comenta a lajeadense Taís Grün, que mora na cidade de Montreal.

Recentemente, o governo local suspendeu a utilização da vacina Astrazeneca em pessoas com 55 anos ou menos, devido a casos de embolia pulmonar registrados na Europa. “Dependíamos demais da Pfizer, que era produzida na Bélgica, mas eles querem ampliar a capacidade de produção e a União Europeia não quer deixar sair de lá. Tem muitas questões diplomáticas envolvidas”, afirma.

Eventos com público

Os Estados Unidos está entre os países onde a vacinação ocorre de forma mais acelerada e logo os imunizantes serão disponibilizados para adultos. Enquanto isso, modalidades esportivas projetam a retomada do público. Na última segunda-feira, a partida de beisebol entre Texas Rangers e Toronto Blue Jays recebeu mais de 40 mil pessoas.

No começo do ano, eventos esportivos importantes tiveram público restrito no país, como o SuperBowl, final da liga de futebol americano do país.

Em março de 2021, show reuniu mais de 10 mil pessoas na Austrália (Foto: Divulgação)

Algumas das principais ligas nacionais do futebol europeu, como a Bundesliga (Alemanha) e a Eredivisie (Holanda) permitiram uma quantidade limitada de torcedores nos estádios no segundo semestre de 2020. Contudo, a permissão não durou mais do que dois meses.

Já a Austrália se notabilizou por sediar shows musicais com grande presença de público. Em março, 13 mil pessoas assistiram ao show da banda Midnight Oil. Embora esteja com a vacinação em ritmo lento, o país da Oceania, que fechou as fronteiras para outros países, tem média baixíssima de casos diários de covid-19 e não registra óbitos em virtude da doença desde dezembro.

 

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