A intensidade dos contágios de covid-19 mostra sinais de redução. O principal indicador desse prognóstico se sustenta na queda na ocupação dos leitos clínicos. Por outro lado, os percentuais com relação a casos graves, que necessitam de internação em unidades intensivas (UTIs) seguem altos.
No somatório das 27 regiões gaúchas, o RS deixou o patamar de lotação total, hoje há 96,1% das vagas ocupadas. Dentro de todas as localidades, dez permanecem acima dos 100%, entre elas está o Vale do Taquari.
Diante dos indicadores, o governador Eduardo Leite, a Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs) e os prefeitos representantes das regiões gaúchas, se reuniram para debater os planos de fiscalização, processos de vacinação, retorno das aulas presenciais e possíveis mudanças no modelo de distanciamento controlado.
Para o governador, para haver alguma flexibilização dos protocolos é preciso cooperação dos municípios. “Para permitirmos a retomada de atividades, se torna mais complexo fiscalizar. Uma coisa é fiscalizar porta fechada, a outra é ter de entrar no estabelecimento”, frisa.
Possíveis revisões no modelo de distanciamento serão avaliadas até o fim desta semana, informou o governador. Esse estudo se baseia nos números de óbitos, ocupação de UTIs, de leitos clínicos, e nível de contágios.
Só após isso, alguma alteração será proposta. Antes de uma nova redação do decreto de distanciamento, uma nova reunião entre Estado e municípios será marcada.
Cobrança dos prefeitos
O presidente da Famurs, ex-prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco, começou a reunião com uma cobrança ao governador. De acordo com ele, houve ocasiões em que o Piratini chamou os gestores municipais para o debate, mas desconsiderou as sugestões.
“Neste ano, o estado tomou decisões sem consultar as associações e a Famurs. Não que seja obrigado a isso, o governador tem legitimidade em decidir. Mas, ao convocar a reunião, chamar para o debate, dizer que dialoga, isso tem de ser uma realidade. Não só um discurso.”
Como exemplo, cita decisões como a privatização da Corsan, a destinação de parte do ICMS da Educação, e mesmo a conduta de restrições durante a pandemia.
Preocupação com o inverno
Uma terceira onda da covid-19 durante o período de mais frio seria uma tragédia. Essa afirmação parte de todos os gestores públicos. “Não podemos correr esse risco. Precisamos manter a atenção de todos, dos prefeitos, dos empreendedores e também na sociedade”, frisa Maneco.
Enquanto a vacinação avança entre idosos e também para setores essenciais do serviço público, é preciso manter o cuidado e o cumprimento dos protocolos sanitários, destaca o presidente da Famurs.
O governador reforçou que a proximidade representa um aumento da incidência de outras doenças respiratórias e pode impactar na ocupação hospitalar.
“Precisamos fazer essa abertura com responsabilidade de fiscalização das atividades econômicas para evitar que tenhamos uma situação mais crítica. Se houver uma nova onda de coronavírus, acrescida à onda de outras doenças respiratórias, podemos ter uma situação de caos absoluto”, analisou.
Nas palavras do governador, é preciso avançar na vacinação e ter uma queda consistente nas internações em abril para o RS ter melhores condições em termos de estrutura hospitalar para o inverno.
Auxílio de R$ 4,4 milhões
O governo do Estado anunciou o repasse de verbas às prefeituras contratarem fiscais. Conforme a secretária da Saúde (SES), Arita Bergmann, serão R$ 4,4 milhões.
Para ter direito, os municípios devem formular um plano de fiscalização. A data máxima de envio é até esta quinta-feira. Conforme dados da SES, já foram enviados 323 documentos.