Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Nesta sexta-feira, 2, é dia de celebrar essa data. E uma entidade focada nessa causa, é a Azul como o céu. A ONG funciona como uma rede de suporte às famílias que convivem com pessoas autistas e surgiu a partir de uma demanda da comunidade do Vale, no ano de 2019.
O autismo, conforme explica a presidente da ONG, Ana Emília Carminatti Messer, não é uma doença, porque não se fala em cura.
“É uma modificação genética. A criança já nasce com esse gene modificado. Falamos que é um transtorno de neurodesenvolvimento. Por isso, uma criança autista pode apresentar traços desde o seu nascimento”, explica.
Porém também existe o autismo regressivo. Quando a criança tem cerca de dois anos de idade, ela começa a apresentar os primeiros traços. Porém ela já possuía o gene, apenas não apresentava as características. Por isso a importância de se ter um diagnóstico precoce para o início das terapias.
“Com as terapias com profissionais especializados, a criança começa a sair de um grau severo para um grau moderado ou leve. Por isso o autismo é considerado um espectro. É algo que muda. A criança pode estar em um grau elevado, mas com a terapia ela consegue independência, consegue aprender habilidades sociais que não conseguiria desenvolver sozinha”, comenta Ana Emília.
Traços do autismo regressivo
Ana Emília apresenta o exemplo do próprio filho. Até os quase dois anos de idade, ele apresentava desenvolvimento motor e cognitivo perfeito. Porém, quando chegou nessa idade, a mãe chamava ele pelo nome, e ele não olhava mais para ela como sinal de entendimento.
“Comecei a observar que ele nunca tinha dado tchau pras pessoas. Ele nunca apontou com o dedo indicador querendo alguma coisa… ele pegava na mão e me levava. Ele também tinha fascinação por ventilador, ficava um tempo olhando o aparelho rodar. Ele enfileirava carrinhos, sempre na mesma ordem”, conta.
De acordo com ela, nos casos de autismo regressivo, as características começam a surgir aos poucos e de maneira sutil. Em muitos casos, o estopim para as famílias se mobilizarem e procurarem atendimento médico é quanto a criança completa e não fala, ou falava e de uma hora para outra deixou de falar.
Outras comorbidades
Ana Emília explica que a criança com autismo também pode ter outras comorbidades, com por exemplo a deficiência intelectual.
“Em muitos casos existem ainda outras limitações. Por isso as crianças precisam de atendimentos com fonoaudiológica, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta… é uma questão de vários profissionais trabalhando com uma única criança”, explica.
“Conhecimento, amor e paciência”
Mãe de uma criança autista, Ana Emília conta como é sua rotina diária nos cuidados com o pequeno. Na casa dela, toda a rotina precisa ser organizada de maneira antecipada. Todas as manhãs, ela mostra um painel com fotos para a criança.
“O autista tem uma potencialidade visual muito grande. Se ele vê uma vez, já começa a entender melhor. Por isso mostra para ele um quadro com imagens: um menino acordando, tomando café, escovando os dentes… Ou seja, passo a passo. Sempre vou antecipando o que vai acontecer. Porque se acontece algo inesperado, às vezes ele tem uma crise, começa a chorar”, conta Ana Emília.
Uma rotina trabalhada com muita paciência, já que o entendimento e a cabeça da pessoa autista funciona de uma maneira diferente, demorando um pouco mais para processar as informações.
“Se eu falo algo e vejo que ele não entendeu, tenho que dar um tempo pra ele entender”, finaliza.
Atividades virtuais
Para marcar a data, a ONG Azul como o céu realiza uma série de atividades virtuais durante o mês de abril. Confira a programação:
02/04
Comunicação e autismo na pandemia. Princípios do método SCERTS
19h – live
Juliana Balestro (fonoaudióloga)
09/04
Intervenção em pessoas com TEA: com enfoque na psicologia
19h – live
Tatiana Melo (psicóloga)
16/04
A importância da Educação Infantil no desenvolvimento das crianças com autismo
19h – Google Meet
Luciane Ribeiro (pedagoga)
20/04
O direito das pessoas com deficiência
20h – Google Meet
Marco Moresco (advogado)
23/04
Relação do intestino com o Transtorno do Espectro Autista
19h – Google Meet
Patricia Vogel (nutricionista)
30/04
Tenho um filho autista, e agora?
19h – Google Meet
Sérgio Kniphoff (pediatra, professor universitário e vereador)
Ouça a entrevista na íntegra: