Com o objetivo de diminuir a demanda, o governo de Lajeado e o Hospital Bruno Born (HBB) farão um mutirão de cirurgias eletivas na cidade. Para isso, o município destinou R$ 1,2 milhão para a casa de saúde.
Desde o ano passado, com o início da pandemia, ocorreu um acúmulo de procedimentos cirúrgicos, afetando não só Lajeado, mas diversos municípios e o próprio Estado. Houve, inclusive, a orientação aos hospitais de suspenderem as cirurgias, como forma de garantir suporte ao atendimento às vítimas de covid-19. Essa medida, inclusive, foi prorrogada por mais 30 dias, se estendendo até o fim de abril.
A referência do município para a realização de cirurgias é o Hospital Estrela. “O que o município fez, neste caso, foi comprar essas cirurgias para serem feitas no HBB”, explica a diretora da Secretaria Municipal de Saúde, Leise Rocha.
Uma proposta de três pacotes de cirurgia chegou a ser apresentada. Mas, segundo Leise, num primeiro momento, serão realizadas apenas cirurgias gerais, de herniorrafia (cura da hérnia) e colecistectomia (retirada da vesícula biliar), que somam a maior parte das consultas de pessoas que aguardam na fila. Até o fim de fevereiro, eram pouco mais de mil pacientes na espera.
Exames
De acordo com Klein, uma nova determinação do Ministério da Saúde obrigará a realização de testes para detecção da covid-19 em pessoas que realizarem procedimentos cirúrgicos.
“Nós teremos que nos adequar a isso agora, que é a exigência do teste PCR. Outros testes não serão permitidos. Mas tem um problema de tempo também. Se fazer no Lacen (Laboratório Central do Estado), levará em média quatro dias para sair o resultado”, salienta.
Segundo Klein, o ministério argumenta que alguns pacientes, sem saber, estão infectados pela doença e fazem procedimentos cirúrgicos, o que pode resultar em complicações. “Elas podem apresentar AVC, infarto, devido a questão da trombose, que é favorecida pela covid”, comenta.
Consulta só para 2022
Há cerca de um ano e três meses, a vida de José Carlos Pereira de Moura, 39, mudou radicalmente. Após sofrer um acidente de carro, sofreu sequelas profundas. Desde então, vive acamado, na residência da família, no bairro Jardim do Cedro. E a família sofre com a demora para realização de procedimentos e até mesmo de uma consulta.
A esposa de Moura, Elisa da Rosa Neves Pereira ressalta que, graças a uma vaquinha virtual, conseguiu arrecadar o valor necessário (R$ 12 mil) para a realização de uma cirurgia na cabeça. O problema é que ele necessita de um procedimento gastrointestinal, que acabou cancelado por conta do agravamento da pandemia.
“Ele está vomitando demais, aspirando demais. Era para ter feito no dia 22 de fevereiro, mas o que aconteceu? Foi cancelada por causa da covid. E a consulta com o neurologista ficou para 2022. Ele não pode ficar tanto tempo sem consulta”, lamenta Elisa.
O assunto foi levantado recentemente na Câmara de Vereadores pelo vereador Jones Vavá (MDB), que comparou a uma situação vivida por ele, em 2014. “Meu pai deitado numa cama do hospital me disse para não deixá-lo morrer. No mesmo dia, faleceu. Duas semanas depois, saiu a confirmaçã oda consulta que ele esperava há um ano”, recorda. “Ele vai ter que aguardar dois anos vegetando numa cama, com a esperança de ter uma consulta e poder voltar a viver”.