Seja com a pintura de ovos, com a colheita de Macela na Sexta-feira Santa ou com presentes para a família, o feriado de Páscoa, no próximo domingo, é compartilhado de formas diferentes na região. Não existe regra e cada um busca sua própria forma de celebrar as tradições desta festa cristã.
Na casa de Luciano Gisch e Luisa Machry, a pequena Isadora, de 7 anos, é incentivada pelos pais a soltar a criatividade nos desenhos que enfeitam a residência já algumas semanas antes da Páscoa. Ela gosta de desenhar ovos e coelhos e também utiliza algodão e casca de ovo de galinha para compor a arte. Vez ou outra, ela recebe ajuda do irmão Bernardo, de 3 anos.
Além disso, a família tem o hábito de enfeitar uma árvore de Páscoa, chamada “osterbaum”. “Todo ano vamos em busca de um galho seco com bastante ramificações para pendurar os ovinhos que a Isa e o Bernardo pintam. Essa árvore fica dentro de casa”, conta Luciano.
O casal também deixa pegadas de coelho pela casa, além de algumas cenouras e um pouco de leite. “Nossas famílias sempre tiveram essa parte lúdica, minha mãe pintava ovinhos e enchia com amendoim”. lembra Luciano. Mas a religião também é ensinada dentro de casa e Luisa costuma ler contos sobre a história da Páscoa para os filhos.
Bênçãos na Sexta-feira Santa
Para a artesã Bea Schonarth, de 55 anos, a data também relembra tradições vividas na infância, na casa dos pais. A família era grande e, no domingo de Páscoa, as crianças ganhavam cestas que ficavam escondidas debaixo das camas. Na hora de abrir os pacotes, eles comparavam os ninhos para ver se a quantidade de doces era a mesma.
Nas Sexta-feiras Santas, além das refeições à base de peixe, como sinal de jejum, a família também fazia a tradicional colheita do chá de Macela, que simboliza a cura. Eles saiam durante a madrugada para colher o chá com o sereno da noite. E, no domingo de ramos, Bea passou a colher uma folha de Cyca do quintal para colocar na entrada da casa.
Estas são algumas das tradições que ela e o marido passaram para os filhos. Este ano, a colheita da Macela já foi feita e, na madrugada de sexta-feira ela será deixada do lado de fora, no sereno, para receber as bênçãos. “Acredita-se que dessa forma a Macela estaria pronta para ser utilizada”, conta Bea.
Depois disso, elas voltam para dentro de casa onde a artesã criou uma decoração com dezenas de coelhos, ovos e cenouras costurados por ela desde 2002. O pinheiro utilizado para o Natal não saiu da sala e hoje está enfeitado para a Páscoa. As tradições permanecem na família também para dar exemplo à pequena Bianca, de 3 anos, sobrinha de Bea.
“No último fim de semana nos reunimos com ela para pintar os ovinhos e colocar o amendoim dentro. Acredito que essas tradições devem ser incentivadas para que não se percam. Quero que os meus netos um dia se lembrem da avó que enfeitava a casa, que colhia a Macela e fazia os amendoins”, conta a artesã.
Feito em casa
Para os cristãos, celebrar a Páscoa é sinônimo de ressurreição, mas é também um momento de reunir a família e, por meio de pequenos gestos, agradecer. É dessa forma que a data é passada na casa da estudante de direito Raíssa Dullius, 23, que no ano passado iniciou uma nova tradição em casa: fazer ovos de chocolate para entregar à família.
A vontade de fazer os chamados ovos de colher já vem de anos, com um exemplo bem perto de casa. Quando a prima ainda era pequena, Raíssa ajudava a cuidar da menina enquanto a tia fazia os ovos recheados para a Páscoa. “Eu ficava vendo ela fazer aquilo e achava muito legal, era algo que me surpreendia”, lembra Raíssa. Ela sempre gostou de trabalhos manuais e, quando criança, gostava de fazer miçangas e pinturas.
Mas foi durante a pandemia, em abril do ano passado, que Raíssa resolveu iniciar a tradição dentro de casa, já que a produção é também um momento compartilhado em família.
O primeiro ovo que Raíssa fez para esta Páscoa foi para um amigo secreto virtual com o grupo voluntário que participa, onde cada integrante deveria confeccionar o próprio presente. Para a família, a entrega será feita no domingo.
“Acho que é muito legal a gente entregar uma coisa que fizemos, porque a gente se dedicou, colocou carinho, atenção e amor naquilo. Para mim isso é muito significativo, ainda mais nesta data”, acredita Raíssa.