Quando você começou a trabalhar com papelaria criativa?
A minha filha mais velha nasceu em 2012. Fiquei dois meses sem trabalhar. Na hora de voltar à ativa, tive muita dificuldade, porque queria ficar mais tempo em casa com ela. Passei por um período muito difícil, porque não consegui amamentar exclusivamente, não consegui ter um parto normal. Tudo isso fez eu me sentir muito culpada. Por isso procurei uma psicóloga, uma ajuda pra encarar esse novo estilo de vida. Durante a terapia, manifestei minha vontade de ter uma segunda fonte de renda, pra poder trabalhar meio turno no escritório como arquiteta e meio turno poder fazer algo de dentro da minha casa. Pensei em várias coisas e nada era viável naquele momento, porque não tinha capital para investir. Mas comentei com a psicóloga que a única coisa que eu sabia fazer era essa parte, de papelaria. Ela pediu pra ver o material que eu já tinha feito. Quando viu, ela disse: é isso que tu tem que fazer! Era algo que não precisava de muito investimento, que eu poderia fazer aos poucos e que me faria bem.
Você comentou que a papelaria era a única coisa que sabia fazer. Já teve outras experiências na área?
Desde pequena sempre gostei, sempre fui muito criativa e tinha muita habilidade manual. Fazia as roupinhas da minha barbie, encapava cadernos com papel de presente, fazia colagens com coisas que recortava de revistas… Sou arquiteta de formação, e isso até tem muita ligação com a minha profissão.
O nome “Bangalôart” tem algum significado?
Essa é a parte que eu mais gosto. Quando decidi que era isso que eu queria fazer, fiz um brainstorm. Joguei várias palavras em um papel. E as palavras que apareceram foram: casa, aconchego, amor, carinho, família e arquitetura. Foi então que lembrei que na faculdade a gente estudava tipos de moradias. E nisso me lembrei do bangalô, que é um tipo de casa, geralmente de madeira, bem pequenininha, aconchegante. De todas aquelas palavras, a palavra bangalô era um resumo. Pensei: é uma casa de arte. Juntei as duas palavras e foi amor à primeira vista.
E como foi a transição de parar de atuar como arquiteta e se dedicar exclusivamente à papelaria?
A papelaria falou mais alto do que a arquitetura. Na arquitetura eu era mais uma. E na papelaria eu era conhecida como a “Ju da Bangalô”. Eu tinha muito mais reconhecimento. Então na hora de decidir, escolhi aquilo que eu achei que iria me fazer mais feliz e onde eu tinha mais chance de crescimento. Eu sou uma pessoa movida pelo amor, pela paixão. Eu tenho que amar o que estou fazendo. Gosto de sempre destacar quanto tempo eu demorei pra tomar essa decisão: uma arquiteta formada, no mercado de trabalho, largar tudo pra trabalhar com o que sempre sonhou. Fui muito criticada e julgada. Quero encorajar outras mulheres, principalmente mães, que não estão satisfeitas no mercado de trabalho e que têm uma segunda atividade. Quero encorajar elas a seguirem em frente em busca dos sonhos. Hoje sou muito mais feliz com isso.