O número de admissões foi maior do que as demissões em fevereiro. Pelas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre os 38 municípios da região, apenas seis ficaram no negativo.
No total, foram criadas 1.375 postos de trabalho formais no mês passado. É o segundo mês consecutivo de alta. Em janeiro, o saldo foi de 992 postos. Os dados do Caged consideram informações do mercado formal de trabalho e trazem um recorte do mês anterior.
As altas de janeiro e fevereiro são consequência da retomada econômica vista no segundo semestre de 2020, antes do avanço da pandemia, com a chegada da nova variante do vírus e das restrições às atividades, avalia a economista Cintia Agostini.
“Esse resultado era reflexo da volta do otimismo. Se tinha o início da vacinação”, relembra. Para março, a economista antecipa: “é bem provável que teremos um resultado negativo”. Ainda que a indústria seja a maior empregadora, e poucas tiveram fechamento de postos de trabalho, há o impacto das restrições para os setores dos serviços e do comércio. “Esses vêm sofrendo muito. E não se trata de dois, ou três meses de perdas, mas de um ano inteiro.”
No acumulado dos últimos 12 meses (março de 2020 até fevereiro deste ano) a região conseguiu repor as perdas dos três primeiros meses de pandemia. No período, foram criados 343 postos de trabalho.
Com relação ao Estado, fevereiro foram criadas quase 30 mil vagas criadas. No RS, os cinco principais setores ficaram no azul. O primeiro lugar foi a indústria, com 16.692. Depois os serviços (7.617), comércio (3.154), construção (1.692) e por fim a agropecuária (432).
“Auxílios vão minimizar os impactos”
Com as restrições impostas pelo avanço da pandemia, março e abril serão de queda na empregabilidade. Pelo menos é o que acredita a economista Cintia Agostini. Para ela, a exemplo do que ocorreu no ano passado, quando a região teve cinco meses de saldo negativo, a interferência de políticas públicas auxiliou famílias que perderam renda, além de ter facilitado na retomada de alguns setores.
“O Estado agora tem de cumprir seu papel. Medidas como a renda emergencial, o programa de proteção ao emprego, acesso a crédito, tudo isso tem de acontecer. Os auxílios vão minimizar os impactos da pandemia.”
O governo federal confirma a primeira parcela do auxílio emergencial para abril. Já o programa de proteção ao emprego, com a possibilidade de suspensão de contratos, redução de jornada e de salários, deve ser apresentado nas próximas semanas.
Apesar dos dados positivos, o presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Ivandro Rosa, concorda com a análise de queda nos indicadores de emprego para os próximos meses.
Os segmentos mais impactados vão desde o comércio, passando pelos serviços e a indústria calçadista. “O empresário já usou todas as ferramentas disponíveis. O banco de horas, antecipou as férias. Não há outra alternativa se não reduzir a equipe. Isso é muito ruim para a economia regional, pois vai interferir na renda das pessoas.”