Setor musical se une por alternativas

Cultura

Setor musical se une por alternativas

O Grupo Acordes Solidários é composto por 40 profissionais da área que compartilham ideias para auxiliar o ramo da música, eventos e festivais durante a pandemia

Setor musical se une por alternativas
Sem shows e festivais, Max Lima criou grupo e pensa novas possibilidades para o ramo musical (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

Depois de 20 anos trabalhando nos palcos de grandes shows e festivais como Papas da Língua, Reação em Cadeia, e Oswaldir e Carlos Magrão, hoje o técnico de luz Tiago Ganzer Guimarães, conhecido como Bitoca, teve que encontrar outra forma de sustentar a família. Desde o início da pandemia, os eventos foram cancelados, e o setor cultural sofre com a falta de opções no mercado de trabalho.

A mochila que o acompanhava nos shows fica hoje em um canto da casa e os dias de Tiago são reservados ao trabalho de instalação de rádios, películas automotivas e na higienização de carros. Além disso, ele também faz alguns serviços como eletricista para a família e amigos.

“Sem poder atuar nos eventos, a nossa maior dificuldade é manter as contas em dia. Mesmo com esses serviços, o faturamento não é o mesmo, e serve para pagar as necessidades básicas da casa, como água e luz”, conta o produtor técnico.

Segundo ele, todo o setor artístico vem sofrendo durante o último ano, mas no caso das produções, não há alternativas como as lives, por exemplo. “Essa questão de live não tem como tu colocar um iluminador, um técnico de som para tocar um violão ao vivo, porque nós não sabemos tocar. A única forma de ajudar a nossa área seria colocar um artista em uma live com um técnico de som, de luz e roadie para ir lá explicar o que é uma leitura de palco, o que uma produção e um técnico fazem, coisas assim”, opina Tiago.

Acordes Solidários

Assim como ele, muitos profissionais da área de música, festivais e eventos buscam alternativas para continuar o trabalho na pandemia. Entre eles está o artista Max Lima, que reuniu cerca de 40 profissionais e criou o grupo Acordes Solidários, do qual Tiago também faz parte.

“Resolvi unir forças com pessoas que compartilham a mesma ideia do que eu, porque juntos somos mais criativos e podemos tentar driblar essa crise”, afirma Max.

A ideia surgiu com um grupo de WhatsApp há cerca de uma semana, e ainda está sendo estruturada, mas já existem ações emergenciais para ajudar aqueles que não conseguiram outro trabalho e não tiveram renda nesse período.

Ao mesmo tempo, a ideia é pensar soluções com o auxílio do poder público e privado, com a criação de conteúdos musicais, principalmente na parte audiovisual, que possam levar educação, conscientização e aprendizagem nas mais diferentes áreas. “Outra ideia que surgiu no grupo é a comercialização de vídeos como forma de homenagem para dia das mães, por exemplo, e outras datas, onde a gente possa tocar uma música exclusiva para a pessoa”, sugere.

Para Max, encontrar essas alternativas é o grande desafio do grupo. “Ano passado as lives surgiram como uma possibilidade, mas elas não geram renda como um show”, comenta. A ideia é reinventar a música para os dias atuais. Ele acredita que esses novos modelos de trabalho vão permanecer mesmo depois da pandemia, a exemplo das aulas de música virtuais.

“Acho que esse é o caminho. Descentralizar pequenos grupos e trabalhar na realidade que conseguimos. Queremos também trazer positividade e alegria no meio disso tudo”, afirma o músico.

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