“Não vejo o comércio aberto como afronta”

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“Não vejo o comércio aberto como afronta”

Promotor de Justiça de Lajeado, Carlos Augusto Fiorioli manifestou apoio ao setor produtivo e ao direito dos cidadãos em trabalhar e empreender. Segundo ele, há contradições em relação ao que é considerado “essencial” e “não-essencial” nos decretos vigentes

“Não vejo o comércio aberto como afronta”
Promotor Carlos Augusto Fiorioli (Foto: Arquivo/A Hora).
Vale do Taquari

Após a derrubada da liminar que suspendia a cogestão no Estado, o comércio pôde retomar suas atividades nesta semana em clima de paz. Contudo, permanece desautorizado a abrir em fins de semana, conforme as regras da bandeira preta do distanciamento controlado. Só que nem todas as empresas estão dispostas a obedecê-las.

Este foi o tema da entrevista realizada ontem, 23, com o promotor de Justiça de Lajeado, Carlos Augusto Fiorioli. Nos microfones da Rádio A Hora 102,9 FM, ele defendeu o direito do cidadão a trabalhar e empreender e acredita que o diálogo é o melhor caminho para evitar novos conflitos entre o Estado e o setor produtivo.

Questionado se há amparo jurídico para que os comerciantes possam abrir as portas nos próximos sábado e domingo, mesmo com a proibição por parte dos decretos estadual e municipal, Fiorioli deu a entender que o Ministério Público não impedirá o funcionamento do setor produtivo em Lajeado e região.

“Quem paga, quem está ali com aluguel, vai quebrar. O boleto não para. A saúde emocional, o terrorismo, o pânico vêm instalado. Aqui, nos grupos dos promotores do Vale, nenhum comunicou ter a posição de ingressar com uma ação, de processar comerciante, de determinar que a Polícia vá ao local, identifique”, ressalta.

Sobrevivência

Fiorioli acredita que, em caso de fechamento no sábado, os efeitos para o comércio serão “terríveis” e, se não se encontrar um parâmetro de convivência, criará um problema como ocorreria no começo desta semana, se o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul não derrubasse a liminar que impedia a retomada da cogestão.

“Se o governo não distensionar e os critérios forem levados à ponta de faca, não tenho dúvidas de que o comércio vai se apresentar aberto como um desespero. Como a única possibilidade de não quebrar ou de conseguir sobreviver. E não vejo isso como uma afronta. Não pode obedecer o que te mata. Antes de desobedecer, estou em defesa legítima da vida de minha empresa”, afirma.

Serviços essenciais

Fiorioli também questiona as contradições dos decretos, que apontam o que é e o que não é essencial. Para ele, são questões que devem ser repensadas, já que muitas famílias tiram o seu sustento de atividades elencadas como “não essenciais” pelo governo do Estado.

“A essencialidade é que nem o travesseiro da gente. O que é essencial é o que me faz dormir bem, quando eu posso alimentar meu filho. Se minha empresa vende sabugo de milho ou tampinha de garrafa, e me dá sustento e paz, é essencial, é o que me faz estar feliz. Se não, acabo perdendo a condição de cidadão”, salienta.

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