O juiz Eugênio Couto Terra errou ao conceder a liminar solicitada pelo CPERS e outros sindicatos. O juiz errou ao suspender uma decisão que fora tomada em conjunto por vários e diferentes gestores públicos e privados, técnicos e políticos. Era uma decisão balizada por especialistas e o juiz errou ao permitir tamanha confusão com a liminar que impediria a abertura do comércio em todo o território gaúcho, não fosse a posterior e acertada decisão do Desembargador Marco Aurélio Heinz. Definitivamente, foi uma confusão desnecessária!
E a corda quase estourou de vez. É este o sentimento que invocou a dura reação de centenas (ou milhares) de comerciantes e comerciários a partir da manhã de sábado, logo após a péssima liminar chegar ao conhecimento do público geral. E o “bafo na nuca” do Judiciário foi ruidoso. Pelas redes sociais, em especial o Whatsapp, grupos foram formados em diversas cidades, convocando os trabalhadores à desobediência civil. No caso, ao descumprimento da infeliz liminar concedida logo após o governo estadual anunciar o retorno da cogestão aos prefeitos.
Mais do que isso. O juiz Eugenio Couto Terra perdeu a paz concedida aos magistrados e tão necessária para garantir decisões técnicas. Diversos prints de postagens do magistrado no Facebook e Instagram “rolaram” pelo Whatsapp, e logo levantou-se uma “suspeição popular” em função da simpatia com pautas defendidas pelos mesmos sindicatos de Esquerda que invocaram a liminar.
E como era de se esperar em um país exageradamente polarizado, a perseguição passou dos limites e o setor de inteligência do TJ/RS foi chamado para estancar a sangria. Afinal, os dados pessoais e até o endereço do julgador já estavam expostos nas redes sociais.
O jogo está perigoso. Caminhamos no limite entre o último fio de paciência e a desobediência civil. E faz tempo. Vivemos algo parecido em maio de 2020, aqui mesmo em Lajeado. À época, o Ministério Público pediu e a Justiça determinou a suspensão das atividades em dois grandes frigoríficos na cidade. Tal como no caso do juiz Eugênio, mas em menor proporção, a juíza Carmen Luíza Rosa Constante teve a paz ameaçada pelas redes sociais. Promessas de protestos em frente à residência da magistrada também fizeram com que o judiciário reforçasse a própria segurança.
Por sorte, em ambos os casos a suspensão das atividades foi derrubada dentro do limite aceitável por quem se sentia injustiçado. Não houve tempo para a desobediência civil, felizmente. Mas a corda segue esticadíssima. Da mesma forma, a corda está perigosamente esticada para o governador Eduardo Leite (PSDB), que recentemente tentou enrolar essa tensão com o estratégico anúncio da privatização da Corsan. O jogo está perigoso, reforço. A paciência de quem segue prejudicado com as restrições acabou e a credibilidade de todo o sistema está em xeque.
Algo de novo precisa ser feito!
Os novos fiscais
Empresários receberam novo aval para abrir as portas do comércio. Nada mais justo, é bem verdade. Mas a responsabilidade aumentou. Acima de tudo, é preciso vigilância própria por parte da classe empresarial. A grosso modo, é um cuidando e vigiando o outro. Se preciso, será um denunciando o outro, tudo para evitar um novo fechamento e para não dar qualquer argumento para quem busca impedir o trabalhador de levar o pão para dentro de casa. Os novos fiscais serão os próprios comerciários e comerciantes. E os clientes precisam ajudar, é claro!
Luto em Encantado
Pela primeira vez na história do principal município da região alta do Vale do Taquari, um vice-prefeito assume a prefeitura em função da morte do titular. Ontem, Jonas Calvi (PTB) assumiu o Executivo de Encantado após a morte do grande líder regional Adroaldo Conzatti (PSDB), ocorrida na sexta-feira passada. Mas não será a primeira vez que um vice assume na cidade. Em duas oportunidades, segundo o historiador Airto Gomes, os titulares deixaram a função para assumirem cadeiras na Assembleia gaúcha. João Batista Marchese, em 1955, e Ernesto Lavratti, em 1958. Nas ocasiões, assumiram os vices Feliciano Bastos e Arminho Miotto, respectivamente.
504 mortos
Em menos de um ano, o Vale do Taquari superou o número de 500 mortos em decorrência da covid-19. Até o fim da tarde dessa segunda-feira, dia 22 de março de 2021, a macabra estatística apontava 504 pessoas mortas desde o dia 23 de abril de 2020.
Sem consenso
A câmara municipal de Vereadores de Lajeado prorrogou até o dia 26 de março a suspensão das atividades presenciais em razão da pandemia do coronavírus. Mas, e conforme o secretário da Mesa Diretora, o vereador Márcio Dal Cin (PSDB), a decisão é do presidente. “Eu defendo trabalho e sessões presenciais”, afirma o tucano.
Restaurantes e o tempo
Na segunda-feira, 22, o Sindicato de Hotéis, Motéis, Restaurantes e Bares do Vale do Taquari (Sindavat) se reuniu para definir algumas regras de funcionamento. Entre essas, a recepção do cliente na porta para exigir uso de máscara. E caso o cliente não tenha, será obrigatório o estabelecimento fornecer a mesma. Eles também cobram a capacidade mínima de 50% da lotação, e o funcionamento da cozinha e copa até às 22h e com fechamento às 23h. Por fim, avisam: se algum estabelecimento for fiscalizado, os demais proprietários irão até o local para “apoio e pressionar os órgãos envolvidos”.