Campeão Paulista, da Copa do Brasil e da Copa Libertadores, o Palmeiras foi o grande vencedor da última temporada no futebol brasileiro e sul-americano. O que poucos, sabem, no entanto, é que o clube deve um pouco do seu mérito ao Vale do Taquari. Isso porquê o gerente executivo de futebol do Alviverde é daqui, mais precisamente de Taquari.
De início no Pinheiros Duttra, Cícero Souza passou 17 anos no clube de sua cidade natal, Taquari. De lá ainda passou pelo Grêmio e outros clubes antes de chegar ao Palmeiras, em 2014. Dos seus 46 anos, 31 são dedicados ao futebol. É ele o responsável por conduzir o departamento de futebol do Palmeiras, fazendo o gerenciamento de 15 áreas de processos. “Foi uma longa caminhada, não caí aqui do céu e nem por acaso. Fico feliz por toda autonomia que tenho e pelo momento exitoso que o clube vem passando nos últimos anos”, pontua.
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Cícero Souza junto das taças conquistadas na temporada 2020 (foto: arquivo pessoal)
Os segredos do sucesso palmeirense
Cícero é responsável direto por toda a reestruturação que o clube paulista vem passando na última década. A palavra-chave é uma só: gestão. Desde 2014, quando chegou, o Palmeiras encontrou quatro grandes objetivos para o departamento de futebol.
São quatro pilares: Técnico, Financeiro, Imagem e Formação. “Com os objetivos bem desenhados, se cria um modelo de gestão que te leva a responder as principais perguntas e conseguir as melhores respostas”, avalia.
A partir desta consolidação no modelo de trabalho e gerência, o Palmeiras passou a ter muitas conquistas, dentro e fora de campo. “Jogadores e treinadores passaram por aqui, mas a estrutura do clube, os processos, independentemente de quem passe, se mantém iguais. É o segredo para nos mantermos competitivos.”
Dia a dia em um dos maiores clubes do país
Há cerca de sete anos no clube, Cícero diz que o Palmeiras vive um ambiente muito sadio e benéfico. “Hoje temos uma mescla de jogadores mais experientes, como o Weverton, Gustavo Gómez e Luiz Adriano, que dão suportes para os vários jovens que temos no elenco. É um processo de transição que ajuda muito no que vemos dentro de campo”, avalia.
Projeção para a temporada
Mesmo em meio aos títulos, o gerente diz que o grande segredo para a temporada que recém iniciou será saber lidar com a questão financeira. Principalmente pelo fato de não haver torcida no estádio, gerando uma consequente falta de arrecadação com bilheteria e outros problemas, como a queda de sócios e da venda dos produtos, como material esportivo.
Uma forma que o Palmeiras achou para manter a conta em dia foi a venda de jogadores, além das premiações ganhas pelos títulos. “Temos agora o desafio de manter a competitividade física e técnica para que, em 2021, consigamos conquistar mais premiações e salvar o ano.
TÍTULOS DO PALMEIRAS NA GESTÃO DE CÍCERO
– Campeão Paulista (2020)
– Campeão da Copa do Brasil (2015 e 2020)
– Campeão Brasileiro (2016 e 2018)
– Campeão da Copa Libertadores (2020)
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O gerente de futebol Cicero Souza, da SE Palmeiras, concede entrevista coletiva, na Academia de Futebol.
ENTREVISTA
Cícero Souza – gerente de futebol do palmeiras
“É tudo no momento certo”
Como é ser gerente executivo de futebol no Brasil?
Nós vivemos em um país polarizado onde a maioria das decisões são políticas e não técnicas. No futebol não é diferente. Os clubes carregam consigo eleições presidenciais a cada dois anos, então existe uma conotação política e todo um arranjamento para a colocação de cargos. Ser profissional e tomar decisões técnicas neste ambiente não é nada fácil.
No Palmeiras é diferente?
O Palmeiras desde 2014 possibilita a um diretor executivo e a um gerente de futebol todas tomadas de decisões técnicas, isso nos fortalece muito nas principais funções que precisamos exercer. É preciso ter um bom tato para entender que, por exemplo, o futebol de rua perdeu o seu espaço e consequentemente temos menos jogadores habilidosos, pois era a rua que nos trazia a possibilidade do improviso. É a função de um gestor ter essa interpretação e agir sobre ela.
O que o Palmeiras faz de diferente dos demais clubes?
O Palmeiras agiu e começou a criar quadras de showbol, fez os seus meninos jogarem futebol de salão, levou as categorias de base para dentro das favelas. Não por coincidência vencemos uma Copa do Brasil com dois gols de jogadores originados na base utilizando aquilo que chamamos de pé ruim. Dois atletas destros chutando de esquerda. Isso é uma ideia, uma concepção de pensar o futebol.
Apostar na base contribuiu para o sucesso do clube?
Em 2014 tínhamos uma receita de R$ 244 milhões. A partir dali apostando em ativos e jogadores de base, tivemos uma nova arena com patrocinador master, negociamos contratos com fornecedores esportivos e chegamos a condição de um orçamento de R$ 650 milhões. No entanto, os objetivos técnicos só foram conquistados porque respeitamos o momento de cada uma das situações. O momento da virada de 2019 para 2020 foi o momento de readequações e a pandemia somatiza ainda mais a possibilidade de utilizar a base. Como tínhamos um processo de formação com todos os passos já trabalhados previamente, conseguimos uma utilização mais eficiente este ano.
Como foi este processo?
Não poderíamos ter feito isso sem respeitar o tempo de maturação, a contratação de um bom coordenador de base, a reestruturação do centro de treinamento, a qualificação dos profissionais que trabalham com os meninos, entre muitos outros fatores. Fizemos tudo isso antes de chegarmos ao momento em que sentimos uma posição confortável para saber que nossos jovens formados na base dariam conta também no profissional. É tudo no momento certo.