Dez minutos viram duas horas. Cem metros viram 60 quilômetros. Custo de R$ 10 vira R$ 100. O bloqueio da ponte sobre o Arroio Boa Vista, na BR-386, afeta o bolso, o tempo e a paciência de todos nós.
Os transtornos com desvios, atoleiros e congestionamentos se multiplicam desde o sábado, quando o incêndio de um caminhão interditou a passagem mais antiga sobre o arroio. Ainda bem que a ponte construída há menos tempo resistiu.
Mas, e se uma hora dessas não resistir? E se uma enchente alcançar a casa dos 30 metros (vide 1941) e comprometer a ponte sobre o Taquari? E se um acidente maior acontece e bloqueia todas as passagens? Vamos continuar reféns de uma só passagem?
A resposta para estas perguntas está nas ações que faremos de ordem prática e proativa daqui para frente. Até aqui, a construção de uma nova ponte sobre o Taquari não passou de conversa e de sonho. E sonho e conversa só constróem ponte intelectual.
Até seis meses. Este é o tempo que a CCR Via Sul projeta para recuperar a estrutura danificada pela explosão. Seis meses são meio ano. É muito tempo. E quando o comércio voltar a pleno? As escolas? As universidades? Ir de Lajeado a Estrela, que hoje consome quase duas horas em horário de pico, vai virar em quanto?
A tarefa é dupla.
1º) É preciso agir rápido para buscar uma solução paliativa, como por exemplo, construir uma ponte do Exército. Vamos combinar, não dá para ficar seis meses convivendo com esse tumulto rodoviário e caótico como estamos encarando desde sábado.
2º) precisamos extrair a lição necessária deste fato e nos mobilizarmos enquanto região e tirar do papel uma segunda ou terceira travessia sobre o Rio. A Acil agiu rápido. Levou a pauta ao prefeito Marcelo Caumo, que atordoado com o impacto da covid, talvez não tenha braço para liderar o movimento. Compreensível.
É necessário que Amvat, Codevat, CIC-VT se unam numa agenda específica e busquem as forças políticas e econômicas necessárias para o tema. A hora é essa. O caos está aí. Não teremos outro argumento, lamentavelmente, mais contundente do que as fotos dos caminhões atolados e carros congestionados, para conquistar novas travessias.
Surgem várias possibilidades: Cruzeiro do Sul a Estrela; Lajeado a Estrela, Arroio do Meio a Colinas. Para saber qual é o melhor lugar, sugere-se um estudo seguido de um projeto. Mas é preciso colocar a mão na massa.
O prejuízo logístico em depender de apenas uma ponte é muito alto. Não combina com uma região pujante e desenvolvida como a nossa. Chegou a hora de invocar senadores, deputados, ministros, por meio de uma agenda única e estruturada. Sabemos que construir ponte é caro. Mas caro em relação ao quê? Quanto já foi, é e será o prejuízo dos caminhões parados na lama? Na fila? Dos carros queimando gasolina sem sair do lugar? Das dezenas de quilômetros a mais que precisam fazer para desviar o bloqueio?
Se argumentos e razões para erguer novas pontes não nos faltam, não pode faltar organização e foco para levar o assunto até o fim. E o fim só pode ser aceito, quando mais uma travessia sobre o Taquari estiver construída. Mãos à obra, Vale do Taquari.