Março de 2021 é o mês mais crítico na jornada de um ano no combate ao coronavírus do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado. O diretor executivo, Cristiano Dickel conta algumas estratégias para aliviar a pressão sobre a linha de frente.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é separada em cinco setores. Assim, as equipes não enxergam todo volume de atendimento. Dessa forma, se em um único dia morrem muitos pacientes, os funcionários não sentem tanto impacto.
“Imagina ter uma UTI com 20 leitos e perder oito em um dia. Isso iria afetar muito as nossas equipes”.
As UTIs intermediárias são chamadas pelos trabalhadores do hospital de “UTI da Felicidade ou da Esperança”.
Além de permitir o tratamento de mais quadros graves, o setor onde os pacientes vão após a intubação é um alívio. “Quando tem um funcionário mais triste, mais cansado, a gente leva para essa UTI onde as pessoas estão se recuperando e logo estarão no quarto”.
Impacto das restrições
A menor circulação de pessoas, resultado das medidas mais restritivas das três últimas semanas, tiveram reflexo no atendimento hospitalar, mas a repercussão é sútil.
Na semana passada, o HBB internou 20,24 e 26 pacientes, em três dias consecutivos. Nesta semana o número oscilou entre nove e 14 internações. O call center da Unimed recebia em torno de 90 ligações por dia, e agora, o volume está entre 20 e 30 telefonemas diários.
Cerca de 50% dos casos atendidos pela UPA eram síndromes gripais, após as restrições o número caiu para 44%. “Todo dia de manhã, nós tínhamos em torno de 8 a 10 pacientes para receber da UPA, que estavam lá em observação e vêm para internação no HBB. E isso tem diminuído, nesta quarta foram dois.”
Grandes preocupações
Para o diretor do hospital, há três fatores críticos no atual momento da pandemia: os oxigênios, com dificuldade no abastecimento de cilindros; os anestesícos e relaxantes musculares usados em pacientes entubados, em falta em todo o estado e as casas de saúde à beira do colapso financeiro.
A ampliação dos gastos com insumos e quadro funcional é expressivo. Dickel estima, apenas em março, que aumento seja de cerca de R$ 2 milhões.