Os dados do Caged, apresentados na manhã de ontem, indicam que janeiro foi de oportunidades. No RS, mais de 26 mil postos de trabalho criados. Resultado maior do que as perdas de todo 2020. No Vale do Taquari, após um dezembro com mais demissões, a volta dos empregos, com quase mil postos criados.
Importante destacar, são dados de quem olha para o retrovisor. Números consolidados de quase dois meses atrás. O momento era de otimismo, pois tanto o Estado quanto o Vale do Taquari tinham conseguido manter a estabilidade dos casos. Havia leitos sobrando e nenhum cidadão ficava sem atendimento nos hospitais.
Parecia que o pior da pandemia havia passado. Com essa sensação, houve campo para empreendimentos. As indústrias aumentavam as linhas de produção, o comércio via o retorno dos clientes e com bom faturamento.
Junto com isso, era o início da vacinação, o que tornava a esperança ainda mais latente. Todo aquele pesadelo do distanciamento, das restrições e do temor da bancarrota econômica seria superado neste ano de 2021.
Toda essa expectativa começou a ruir. Fevereiro trouxe uma nova variante da doença. Mais contagiosa e mais letal. Os hospitais chegaram ao temido colapso. Uma fila com mais de 500 gaúchos aguardam por leitos de UTI.
Em outras esferas da sociedade, as restrições às atividades produtivas prenunciam que os resultados vistos em janeiro tendem a não se repetir nos próximos meses.
A tendência é de um abismo na empregabilidade a partir de março. Talvez algo já apareça em fevereiro, ainda que em menor escala. Já não há mais os auxílios, nem mesmo os programas de proteção ao emprego.
Os empregadores já anteciparam férias, já usaram o banco de horas. O próximo passo, é reduzir a equipe. Desemprego significa menos renda para as famílias. Mesmo que se tenha o seguro desemprego, é apenas uma medida paliativa.
O Vale do Taquari, que teve em 2020 o setor do agro e a indústria alimentícia como principal força motriz para redução do impacto econômico, entra neste ano com um cenário incerto. O abate de frango foi reduzido devido aos custos de produção. O leite com queda de preços para a indústria e aos agricultores. Dois dos pilares, das maiores riquezas produtivas, danificados pela instabilidade do mercado. Os tempos são difíceis e exigem o melhor da comunidade regional. Além de salvar vidas, vencer a pandemia é condição para a retomada econômica.