Considerada uma praga secundária no passado, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) se tornou o principal problema de produtores da região. Os prejuízos já eram sentidos na colheita de 2020 e se intensificaram ainda mais com a safrinha de milho no verão.
Levantamento inicial da Emater/RS aponta perdas no Vale do Taquari que variam de 30% a 50% dependendo da variedade da semente ou intensidade da infestação. “Como é uma praga nova que apareceu com força, os produtores não estavam preparados e os prejuízos estão sendo enormes”, lamenta o gerente regional da Emater/RS, Marcelo Brandoli.
O acumulado de dois anos de seca possibilitaram uma procriação maior do inseto que se reproduz mais rápido em ambientes com pouca umidade, relata Brandoli. Juntado a isso, está o fato da temperatura nos primeiros meses de 2021 estar acima da média. “O calor e a falta de umidade criaram essa superpopulação de cigarrinhas”, reforça.
Conforme a engenheira agrônoma da Emater, Anna Cristina Xavier, os danos causados pela cigarrinha são sentidos no pendoamento do milho – fase reprodutiva da planta. Por isso, os danos na lavoura são considerados irreversíveis.
A preocupação da Emater é que a praga siga prejudicando futuras produções. Para evitar isso, orienta que os produtores monitorem as plantações, evitem o plantio na entressafra e optem por sementes mais tolerantes à cigarrinha.
Prejuízos no campo
Produtor de Marques de Souza, Amenofis Stacke havia percebido uma diminuição de 10% na primeira safra, colhida no ano passado.
Na safrinha, o prejuízo já foi constatado logo no início da produção pela demora no desenvolvimento da planta. A perda, conforme Stacke, poderá será de aproximadamente 40%. “Algumas variedades do milho atingiu mais. Tem que ver como vai ficar a qualidade desses grãos”, ressalta.
Stacke previa estocar milho e se preparar para uma produção maior de soja, mas os planos mudaram com os prejuízos. “Agora tem que ver se a produção será suficiente para os animais ou se vamos precisar comprar algo pra suplementar a alimentação”, lamenta.
Saiba mais
A cigarrinha-do-milho é uma praga que mede de três a quatro milímetros, tem cor amarelada e se desloca rapidamente. Ela tem um ciclo de 25 a 40 dias, o que permite uma rápida multiplicação e, por consequência, requer aplicações sequenciais para o manejo.
Por si só, a cigarrinha é inofensivo ao milho. O problema ocorre pelo fato do inseto succionar a seiva das plantas e transmitir vírus que prejudica o enfezamento do milho.