Em 2020, no início da pandemia, decidiu-se fechar o comércio e boa parte das atividades econômicas consideradas não essenciais. Errado. Passado um período, chegou-se a conclusão que não estava ali o disseminador do maldito vírus. Com as escolas não era diferente.
Agora, um ano depois, busca-se barrar os contágios adotando a mesma medida que já se mostrou ineficaz no passado.
Faz duas semanas que lojas, barbearias, institutos, etc., estão impedidos de abrir as portas. Empresários agonizam e percebem suas finanças ruir, sem exagero da expressão. Meio mês com receita zerada pode ser fatal para muitos pequenos negócios. Mais fatal, inclusive, do que a própria covid.
Na esteira do ‘cada vida importa’, precisamos lembrar que falência leva ao desemprego, que leva à pobreza, que leva à fome. E fome também mata. Aliás, mata milhões todos os anos.
Fechar o comércio neste momento é muito mais impactante e dramático do que fora um ano atrás. Agora não tem socorro governamental – redução de jornada, de salário e suspensão de contratos. Mas as contas não dão trégua: aluguel, salários, fornecedores, água, luz. O Estado prorrogou pagamento dos impostos. Importante, mas insuficiente.
A revolta nas ruas e nas redes sociais, manifestada em petições contra o governador Eduardo Leite é compreensível. Ser impedido de trabalhar é dose.
Escrevo esta coluna antes do anúncio – sempre ocorre no fim de cada sexta-feira – do governador Leite, sobre a volta da cogestão e a possibilidade de reabrir parcialmente algumas atividades.
Ainda assim, reabrindo ou não na próxima semana, o estrago já foi feito.
Neste sábado, dia 13, completa duas semanas em que o comércio foi fechado. Os números da covid, lamentavelmente continuam a bater recordes em mortes Brasil afora. Nunca saberemos se o comércio aberto deixaria estes números piores. O que sabemos é que o caixa das empresas, em sua maioria, pequenas e médias, está arruinado e se não voltarem a funcionar logo, muitas estão fadadas a fechar.
E as escolas?
Custará muito caro o preço das aulas presenciais suspensas. Estamos criando um hiato abismal no processo de ensino e aprendizagem de nossas crianças. Gerações futuras sentirão o revés. Assim como o comércio, já poderíamos – e deveríamos – estar num ciclo de aulas presenciais, com todos os cuidados sanitários e de distanciamento. Já testamos e funcionou.
Me parece, com toda sinceridade, que fechar tudo é mais fácil para o momento. Mas só para o momento. O tempo há de nos cobrar a conta.
Bueiros na pista
Uma cena inusitada é vista por quem trafega na Avenida Benjamim Constant, entre os bairros Montanha e Conventos, especialmente na segunda parte da obra, construída pelo ex-prefeito Luiz Fernando Schmidt. Ocorre que no trecho, construído faz quase dez anos, bueiros foram implantados na pista à direita. E agora, criminosos furtaram as grades de proteção. Cones foram colocados nos locais, orientando que motoristas desviem dos buracos.
Não é a primeira vez que se verificam problemas neste trecho. Passados estes dez anos, pode-se concluir que o modelo de escoamento é ineficaz e precisa ser melhor avaliado numa próxima ocasião. Implantar bueiros em meio à pista de rolamento parece estranho mesmo.
Fachin e o espasmo da semana
Não vou entrar no mérito ou na relevância jurídica da decisão. O fato do ministro do STF, Luiz Edson Fachin, em mexer no ‘abelheiro’ envolvendo o ex-presidente Lula neste momento é atemporal e inapropriado. O país arde em sua pior crise sanitária com impacto agudo sobre a economia, e o ministro aproveita para colocar mais ‘lenha na fogueira’.
Só acirra o embate político, estimula a polarização e antecipa a campanha eleitoral que deveria ficar apenas para o próximo ano. É o clássico exemplo de como um poder público – no caso o Judiciário – mais atrapalha a sociedade do que ajuda.