Lojas fechadas dificultam recuperação do setor

Produção de calçados

Lojas fechadas dificultam recuperação do setor

Ramo calçadista enfrenta problemas devido à pandemia. Empresa de Teutônia demitiu cerca de 170 funcionários na semana passada. Sindicato do setor não tem perspectiva de quando o cenário deve melhorar

Lojas fechadas dificultam recuperação do setor
Diante das restrições ao comércio não essencial, fábricas precisaram reduzir ritmo de produção de calçados (Foto: Bianca Mallmann)
Vale do Taquari

Cerca de 170 colaboradores da fábrica da Piccadilly, localizada em Teutônia, foram desligados. O setor calçadista sofre os impactos da pandemia. Com o comércio fechado, não há consumo de sapatos. Logo, as empresas não conseguem vender e fazer o giro das mercadorias.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Calçadistas de Teutônia (Siticalte), Roberto Müller, a empresa que teve que realizar as demissões trabalha com venda direta e sob encomenda. Por isso o reflexo das restrições e da pandemia podem ser percebidos de maneira mais instantânea.

“Nosso setor está vivendo o momento presente. Não estamos pensando no turno seguinte. Muito menos no dia seguinte. A cada dia surpresas acontecem. É uma situação dramática. Por sorte temos algumas empresas ousadas que fazem estoque, que olham pro mercado futuro, no pós pandemia”, comenta Müller.

Questionado sobre possíveis alternativas a serem adotadas pelas fábricas, o presidente do Siticalte explica que a maioria das empresas deu férias aos seus funcionários no final do ano passado. Outras também já anteciparam.

“Algumas empresas menores, como os ateliês, poderiam dar férias. Mas não têm condições logísticas financeiras para isso. Se pararem, vão sucumbir. Se produzirem agora, ainda conseguem levar adiante com uma esperança de melhora”, projeta.

O setor calçadista representa 21,12% do valor adicionado na economia de Teutônia. O Secretário de Indústria, Comércio e Turismo do município, Délcio Barbosa, explica que uma características das fábricas é a constante saída de funcionários, e, logo depois, a abertura de novas vagas.

“Isso é algo comum, já é rotina das empresas. Claro que a pandemia acentuou a questão e aumentou esses números. Cerca de 90% da produção dessas empresas é destinada à comercialização nacional. E com a atual crise, as pessoas estão comprando menos”, comenta Barbosa.

Recuperação do setor

Müller diz que não há previsão de retomada e recuperação do setor. Segundo ele, isto depende da evolução do coronavírus.

“Infelizmente não se sabe até quando vai a pandemia. Nem quando as lojas vão poder abrir e se recuperar. O que sabemos é que não há consumo, que os produtos não estão saindo. As pessoas não têm motivo para comprar, já que não saem com tanta frequência para terem sapatos novos. Muitas das nossas empresas vendem para São Paulo e lá o comércio também está fechado, ou com restrições. É um efeito cascata. Está sendo terrível para todos”, comenta o presidente do Sindicato.

Por outro lado, secretário do município diz acreditar que situação não se prolongue por muito tempo.
“No momento em que a vacina chegar para mais pessoas, a pandemia começa a estagnar. Essa é nossa esperança para tudo voltar ao normal. E, com isso, as demandas aumentarem e as empresas voltarem a contratar. Mas sabemos que essas demissões são rotina nas fábricas de calçados”, diz Barbosa

Relembre

No ano de 2020, o setor calçadista também sofreu os impactos da pandemia. Foram cerca de mil demissões do setor no município. A empresa RR Shoes encerrou as atividades em maio no município. Cerca de 400 funcionários foram demitidos. A unidade da Paquetá Calçados também desligou 130 colaboradores. Além de demissões pontuais em ateliês e na Calçados Piccadilly.

“Daquelas demissões recuperamos talvez umas 400 vagas. Não mais que isso”, finaliza Müller.

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